Quase um quarto dos domicílios brasileiros viveram sem nenhuma renda obtida com trabalho no primeiro trimestre do ano, informou nesta terça-feira, 18, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"Hoje, 22,7% dos domicílios não tem nenhuma renda do trabalho, o que é muita coisa. A crise bateu muito forte no mercado de trabalho e mais fortemente no trabalhador menos escolarizado, com emprego de pior qualidade e esse trabalhador tem sofrido mais com a crise", explicou a economista Maria Andréia Lameiras, técnica em planejamento e pesquisa do órgão.
Os domicílios sem nenhuma renda de trabalho foram também os que mais aumentaram em relação ao primeiro trimestre de 2014, quando o mercado de trabalho começou a se deteriorar. Na época, o total de domicílios sem renda era de 19% do total, e a renda mais alta atingia 2,2% dos lares.
Em estudo a partir de micro dados da Pnad Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ipea revelou que 52,5% dos domicílios estão sem renda ou com renda muito baixa, enquanto a renda média atinge 33,8% das casas. Por outro lado, apenas 2,1% dos domicílios tiveram renda alta no mesmo período.
"Isso mostra que o mercado de trabalho é o pior retrato da crise econômica que o Brasil está passando. Estamos saindo da crise, mas muito lentamente, e o mercado de trabalho reage depois da economia como um todo. Hoje a gente tem uma economia que cresce muito pouco, e o emprego tem uma reação ainda mais lenta", explicou Maria Andréia.