Brasil, México, Japão, Vietnã, Indonésia, República Tcheca, Estados Unidos e Austrália, entre outros, estão entre os países onde a Foxconn tem negócios e que poderão suprir parte da produção que hoje se concentra em território chinês. Para acalmar acionistas, fornecedores e clientes, a companhia taiwanesa garantiu, nesta semana, que está pronta para transferir a produção, particularmente, de iPhones.
"Somos totalmente capazes de lidar com as necessidades da Apple de mover linhas de produção, se tiverem alguma", disse Young-Way Liu, chefe do grupo empresarial de semicondutores da Foxconn, durante reunião do estafe da maior fabricante terceirizada de produtos eletrônicos do mundo, na última terça-feira. Ainda segundo o executivo, a capacidade de produção da Foxconn fora da China é suficiente para abastecer a Apple e outros clientes com itens destinados aos EUA. Para isso, a fabricação poderia ser expandida globalmente para suas fábricas, "de acordo com as necessidades de nossos clientes".
O encontro da cúpula da Foxconn teria como pauta principal a sucessão de Terry Gou, fundador da companhia, que vai se desligar do comando do conselho para se dedicar à sua campanha para a presidência de Taiwan. Está marcada uma assembleia geral de acionistas para o próximo dia 22 e então será confirmada a sua substituição por um dos quatro novos integrantes do conselho, que serão eleitos nessa data.
Apesar da importância desse período de transição na companhia, grande parte da discussão centrou-se no agravamento da disputa comercial entre a China e os EUA e o impacto que as tarifas podem ter sobre o núcleo dos negócios da Foxconn ; montar iPhones e iPads para a Apple, principalmente na China.
Mas o foco da discussão foi mesmo o agravamento da disputa comercial entre a China e os EUA e os impactos que as sobretaxas podem ter sobre o núcleo dos negócios da Foxconn, responsável pela montagem de iPhones e iPads para a Apple. Hoje, 25% de sua capacidade total de produção está localizada fora da China. Apesar da declaração de Young-Way Liu, a empresa garantiu que a Apple ainda não fez um pedido formal para que a montagem de seus produtos migrasse para outros países.
Mas até que ponto é possível garantir que a afirmação do executivo da Foxconn poderá ser colocada em prática? Especialmente no Brasil, a companhia deu sinais, no passado, de que palavras não necessariamente se confirmam em ações. Em 2011, o então governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu, no Palácio dos Bandeirantes, Henry Cheng, à época presidente da Foxconn do Brasil, para anunciar a instalação de uma fábrica da companhia na cidade de Itu. ;A Foxconn já tem mais de 6,6 mil empregos no estado;, declarou o tucano naquela ocasião. Meses antes, Alckmin recebeu o presidente Terry Gou para falar sobre os planos de investimento.
Mercado
A empresa teria adquirido um terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados e a expectativa governamental era de que o estado de São Paulo se consolidaria como um dos maiores polos de tecnologia do mundo. A promessa era de um investimento de R$ 1 bilhão e a geração de cerca de 10 mil empregos diretos. A unidade fabril começaria a operar no primeiro semestre de 2014. ;A chegada da Foxconn na cidade de Itu consolida a intenção da companhia de investir pesadamente no mercado brasileiro nos próximos anos. O Brasil tem um imenso potencial de crescimento e tem se mostrado um excelente parceiro da Foxconn dentro da estratégia mundial de investimentos da empresa;, declarou Cheng, durante o evento oficial. Naquele ano, a unidade de Itu foi anunciada como a sexta fábrica da empresa em São Paulo e a nona no Brasil. No terreno, não foi levantada nem uma parede.Se a Foxconn quiser contar com o Brasil como alternativa às barreiras de Trump à produção chinesa, terá hoje de utilizar a estrutura acanhada que restou em Jundiaí, também no interior paulista. Dessa unidade já saíram os iPads da Apple e os smartphones da divisão mobile da Sony.
A Foxconn do Brasil foi procurada, mas em seu site, o único contato é por meio de um formulário. Até o fechamento desta edição não houve resposta ao contato da reportagem.