Jornal Correio Braziliense

Economia

Receita dificulta análise do TCU



Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) recomendaram, por unanimidade, aprovar com ressalvas as contas do governo Michel Temer, exercício de 2018. O parecer da relatora, ministra Ana Arraes, foi julgado ontem e enviado ao Congresso, responsável por analisar as contas do Executivo. Além de alertas sobre o risco do descumprimento do teto dos gastos e da regra de ouro, que impede a emissão de títulos da dívida para pagamento de despesas correntes, o colegiado ressaltou que a Receita Federal impediu a Corte de realizar o seu trabalho..

Segundo a ministra Ana Arraes, a delicada situação das contas públicas é a conclusão de maior destaque, ;mas a auditabilidade da Receita Federal é urgente;. Conforme técnicos do TCU, o tribunal não conseguiu ter acesso a dados do Fisco para fazer uma auditoria plena. Em 2017, o TCU inseriu alguns pontos de arrecadação da Receita para melhorar a contabilidade, mas esbarrou em sigilos fiscais. ;Foi impossível emitir parecer do balanço e, este ano, o TCU apenas declarou essa impossibilidade. No próximo ano, se isso se repetir, a reincidência pode levar a sanções mais graves, até a rejeição das contas;, alertaram. A avaliação das contas de 2019 ficará a cargo do ministro Bruno Dantas, que, no julgamento de ontem, já se posicionou insatisfeito com as restrições impostas pelo Fisco.

O relatório da ministra Ana Arraes trazia 27 recomendações e cinco alertas. Porém, o item que determinava a implementação de práticas que permitissem a mensuração das despesas futuras com militares inativos foi derrubado pelos ministros. Segundo técnicos, o TCU ponderou que já está em curso um processo específico. ;Há alguns anos, temos um passivo atuarial dos militares, em uma projeção que passou a constar, de 27 anos;, destacaram.


  • Patrimônio da União fica negativo

    O patrimônio líquido da União, que leva em conta os passivos e ativos do governo, encerrou 2018 negativo em R$ 2,416 trilhões. O passivo da União, que inclui todas as obrigações, empréstimos e provisões, somou no ano passado R$ 7,684 trilhões. Já o ativo total, R$ 5,26 trilhões. O relatório divulgado ontem pelo Tesouro Nacional mostra que, enquanto os passivos crescem, com o aumento das provisões, sobretudo previdenciárias, parte do ativo que a União tem a receber encontra dificuldades para voltar para o caixa. É o caso dos valores inscritos em dívida ativa e dos créditos tributários. Do estoque total de créditos tributários, apenas 14,87% (R$ 601 bilhões em R$ 4,045 trilhões) foram considerados recuperáveis em 2018.