Jornal Correio Braziliense

Economia

Desinteresse pela troca

Embora tenham reclamações e críticas aos planos de saúde, dentro das normas atuais, os consumidores não demonstraram interesse sobre a mudança nas regras. Mesmo sabendo das novas condições, muitas pessoas optam por continuar com o mesmo produto para evitar dor de cabeça na portabilidade. É o caso da aposentada Denise Pires, 70 anos. ;Como o atual é da minha empresa, eu não pretendo trocar. Já está consolidado e o pessoal já me conhece;, disse. O servidor público Aroldo Pereira cancelou o plano recentemente e não pretende contratar outro. ;Quando eu mais precisei, cheguei na emergência e não fui atendido. Já tinha ouvido falar das mudanças, mas, mesmo assim, depois dessa situação, não quero mais.;

A professora Gisele Alves, 39, recebeu recentemente um diagnóstico de câncer e fez a portabilidade por problemas com o plano anterior. ;Já cheguei a ir até para as pequenas causas (juizado). São complicados esses planos por adesão. Na época, encerraram o contrato quando eu estava no meio de um tratamento. De repente, foi cortado. Tive de contratar outro, também por adesão;, contou.

Ciente das mudanças, ela teme nova portabilidade. ;Mudei, no ano passado, por causa do valor. Agora, como estou com uma enfermidade grave, tudo é mais caro. Já tive que cobrir algumas carências na alteração anterior. Meu esposo até reativou o CNPJ e estávamos pensando em mudar mais uma vez. Mas, agora, com esse diagnóstico, não tem como. Com doença preexistente, é muito difícil;, disse.

Rosana Lopes, 57, aposentada, usa há mais de 30 anos o plano da empresa em que trabalhava. ;Sempre foi muito bom mas, recentemente, passei por uma situação desagradável. Precisei fazer uma reconstrução de mama e o plano não quis pagar por causa de uma diferença de R$ 800. Propôs uma prótese que a minha médica disse que não serviria para mim e acabei pagando do meu bolso. Enfim, o importante é que estou bem;, comemorou.

Mesmo sem saber das novas condições, ela não pensa em trocar. ;Como eu já tenho há muitos anos e é descontado em folha, acabo nem olhando. O valor é muito alto, mas, como vou continuar o tratamento por cerca de cinco anos, não posso pensar nisso;, disse. Irany Miranda, 55, pensionista, sente no bolso o peso da mensalidade. ;Está muito caro, mas, como é do governo, prefiro nem mexer. Tenho medo de aumentar mais;, disse. (VB e RG)