A última sessão de maio foi marcada por novo recuo dos juros futuros, que fecharam em queda ante os ajustes anteriores durante todos os dias desta semana no caso dos vencimentos longos. De maneira geral, nas sessões recentes o aumento das apostas na queda da Selic em meio aos dados fracos de atividade, o otimismo sobre a tramitação da reforma da Previdência e também os sinais emitidos pela curva dos Treasuries de que o Federal Reserve voltará a cortar juros em 2019 têm exercido forte influência sobre os juros domésticos. Nesta sexta-feira, 31, sem novidades no cenário político, a expressiva queda do dólar ante o real e o tombo dos rendimentos dos títulos norte-americanos foram o principal driver para as taxas locais, cuja precificação já aponta Selic a 6,25% no fim de 2019.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou em 7,56%, de 7,621%, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 8,191% para 8,16%. Nos curtos, o DI para janeiro de 2020 fechou com taxa de 6,280%, mínima, ante 6,335% na quinta no ajuste, e o DI para janeiro de 2021, com taxa de 6,490%, de 6,560% na quinta no ajuste.
"Hoje (sexta) o que mandou foi o cenário externo, além de gente achando que o BC pode baixar o juros", explicou o estrategista de renda fixa da Coinvalores, Paulo Nepomuceno. Ele destaca que a curva americana está sinalizando claramente que o Federal Reserve vai cortar os juros este ano, o que tende a beneficiar economias emergentes. "O BC talvez tenha de se render ao cenário de juros menores no mundo e melhora do quadro inflacionário por aqui", disse.
Sobre os níveis muito baixos de prêmio na curva, ele reconhece que as taxas estão "amassadas", o que em outros momentos chamaria uma correção, mas desta vez "o mercado está batendo com base em fundamentos", o que tira a possibilidade de um ajuste firme do radar.
Além disso, segundo ele, o Brasil pode estar no grupo de emergentes a serem potencialmente favorecidos pelo anúncio do governo americano de que vai aumentar tarifas a produtos do México, dada a expectativa de migração de recursos daquele país. Nesse contexto, a maioria das moedas emergentes tiveram valorização contra o dólar, com o real em destaque. A moeda americana por aqui fechou em queda de 1,33%, aos R$ 3,9255, mas, em contrapartida, o peso mexicano amargava perdas.
O câmbio ainda mais comportado reforça as apostas de afrouxamento monetário pelo Copom, reduzindo o potencial já fraco de repasses para os preços em função da debilidade da economia. A precificação da curva, segundo cálculos do sócio-gestor da LAIC-HFM, Vitor Carvalho, já aponta Selic de 6,25% no fim deste ano.