O dólar fechou maio em R$ 3,9255, a menor cotação desde 30 de abril. Na semana, a moeda recuou 2,23%, o que reduziu a valorização no mês para apenas 0,11% - a menor alta mensal desde fevereiro. O pregão desta sexta-feira, 31, teve a primeira parte dos negócios influenciada por fatores técnicos, que foi a disputa pela definição da taxa referencial Ptax do mês, que é usada em contratos cambiais e nos balanços de empresas. Na parte da tarde, a influência foi do cenário externo, dia em que o dólar caiu ante boa parte das moedas fortes e de emergentes, em meio a novos temores de piora da economia mundial.
O real foi uma das moedas que mais ganhou força nesta sexta ante o dólar no mercado financeiro internacional, dia em que a moeda americana subiu forte no México (+2,32%), após o presidente Donald Trump ameaçar tarifar produtos do país vizinho, deslocando, ao menos temporariamente, o foco da guerra comercial da China para a economia mexicana. Inicialmente, os operadores temiam que a forte alta do dólar no México, que chegou a superar os 3%, pudesse contaminar o real, mas aconteceu o oposto.
Em dia de agenda local esvaziada, profissionais de câmbio observam que o anúncio de Trump acabou beneficiando o real. Investidores internacionais rebalancearam carteiras reduzindo posições no México e aumentando em outros emergentes, movimento que tende a continuar. Por isso, mesmo após o fim da disputa pela Ptax, vencida pelos vendidos, que defendem a queda do dólar, a moeda americana manteve o ritmo de baixa. "O aumento das tarifas tem condições de empurrar a economia mexicana para a recessão", observam os estrategistas do banco espanhol BBVA. O Instituto Internacional de Finanças (IIF), com sede em Washington, destaca que a renda fixa brasileira já atraiu compradores estrangeiros nas últimas semanas.
No Brasil, o clima político mais ameno e a expectativa de avanço da reforma da Previdência ajudou o dólar a sair de níveis perto de R$ 4,10 para R$ 3,90, na mínima desta sexta, em apenas dez dias. "O presidente Bolsonaro parece estar suavizando seu discurso para conseguir passar a reforma", afirma o estrategista em Nova York do banco de investimentos Brown Brothers Harriman (BBH), Win Thin. Ele destaca que um passo importante foi o encontro de Bolsonaro esta semana com representantes dos outros Poderes, que prometeram firmar um pacto para o País voltar a crescer.