A agropecuária registrou queda de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a variação foi de -0,1%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a técnica e pesquisadora do IBGE Amanda Tavares, o resultado se deu por conta de resultados ruins nas safras de soja, fumo e arroz, que foram equilibrados por resultados positivos do milho e da pecuária.
A soja teve queda de 4,4% na produção. De acordo com o assessor do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Paulo Camuri, as quedas podem ser explicadas por vários fatores. O primeiro deles é a comparação com a safra do primeiro trimestre do ano passado, que foi a maior da série histórica. Segundo Paulo, o produto estava muito valorizado à época, e os produtores, mais capitalizados. Com isso investiram em um pacote tecnológico (conjunto de maquinário, sementes, fertilizantes) de ponta, que influenciou uma grande produção. Aliado a semestes mais resistentes, os melhores fertilizantes e maquinários, as condições climáticas foram as ideais.
Neste ano, porém, as condições climáticas não foram ideais. Além disso, o estoque de passagem mundial (estoque entre a safra de 2018 e 2019) estava muito grande. Com isso, os produtores tiveram maior receio de investir pesadamente em pacote tecnológico. Por isso, não ampliaram áreas de plantio, optaram por adiar trocas de maquinários por tecnologias melhores, não compraram as sementes mais resistentes a pragas, e com isso, a produção baixou. A soja possui grande impacto no valor geral do Produto Interno Bruto da Agropecuária.
O fumo retraiu 2,9%, também devido a condições climáticas. As principais regiões produtoras de fumo são o sul do Paraná e o norte de Santa Catarina, que não tiveram chuva necessária em novembro, o que afetou a qualidade e a produção do fumo. O arroz também teve queda de 10,9% em decorrência também de adversidades nas condições climáticas.
Em compensação, o milho e a pecuária tiveram alta. O crescimento da produção de milho foi de 12,6%, que se deu primeiro por conta da comparação com o ano passado ; que não teve boa safra ; , e segundo em decorrência do aumento de 6,4% da área plantada. Além disso, o preço do milho estava bom, e como houve antecipação na colheita da safra de soja, abriu-se uma janela climática que permitiu uma produtividade excepcional, segundo Paulo Camuri.
A pecuária também teve grande destaque, com grande aumento. De acordo com Camuri, todas as atividades (carne bovina, leite, frango, ovos e suínos) despertam boas expectativas para produção aos olhos do mercado. A crise na China de gripe suína africana fez com que as exportações de carne suína brasileira aumentassem muito, e também a de carnes substitutas, como o frango. Paulo Camuri diz que a expectativa para este ano par o setor é muito positiva: ;É esperado um crescimento de 7% no valor bruto da produção pecuária, que em 2018 foi de R$213 bilhões e este ano esperamos R$228 bilhões. Esperamos um crescimento de faturamento de 4,7% para carnes bovinas, 10,6% para suínos, 10% no caso do leite e 8,5% para os ovos;, disse.
Para ele, os resultados negativos do trimestre já eram esperados pelo setor: ;Os resultados mostram que o crescimento é mais lento do que se esperava para este ano e isso acaba afetando consumo das famílias, que fica mais modesto, demanda menos produtos de agro e impacta negativamente o PIB da agropecuária;, relatou. Segundo ele, há uma frustração que impacta a expectativa de crescimento.
De acordo com o diretor da área macroeconômica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) José Ronaldo de Castro é estimada uma alta de 0,6% do PIB da agropecuária, com 0,1% de alta na lavoura e 3% na pecuária.
* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca
* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca