Jornal Correio Braziliense

Economia

Falta de investimento reduz o PIB


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá divulgar o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre bastante fraco. A maioria das apostas é de que seja negativo, em grande parte, puxado pela queda nos investimentos, de 2,2%, pelas estimativas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) ou de 2,5% pelos cálculos da Necton Investimentos.

;Na nossa avaliação, PIB continua em uma queda brutal nos investimentos, de 2,2%. Eles já contrariam 2,5% no quarto trimestre de 2018 em relação ao terceiro, mas, se descontarmos o efeito contábil das importações de plataformas, essa retração seria maior, de 4% nos últimos três meses do ano;, alertou a economista Silvia Matos, pesquisadora sênior de economia aplicada do Ibre. ;Hoje o nível de investimento está 29% abaixo do pico de antes da recessão, alcançado no segundo trimestre de 2013. E tudo indica que vai ser difícil recuperar o que já perdemos com essa nova queda consecutiva;, alertou.

As projeções dos especialistas ouvidos pelo Correio para o PIB do primeiro trimestre oscilaram de zero, no caso do Ibre, e foram até uma queda de 0,45%, no caso da Austin Rating.

Como o IBGE deverá revisar o PIB do quarto trimestre de 2018, que cresceu apenas 0,1%, há grandes chances de o resultado ser negativo, levando o país para uma recessão técnica. ;A economia não consegue crescer porque existe um problema sério de falta de demanda;, resumiu André Perfeito, economista-chefe da Necton.

O economista José Ronaldo de Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Econômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), espera uma retração de 0,1% a 0,2% e demonstra preocupação também com a queda no consumo, que está muito fraco. ;Hoje há um grande fator de incerteza, que é a questão fiscal. E isso, em meio à crise política, é um grande problema se não houver uma solução acordada com o Congresso, porque afeta a vontade de investir dos empresários e a vontade de comprar dos consumidores. Tudo isso trava o crescimento;, explicou.