A determinação da pecuária para o crescimento do PIB agropecuário faz parte de previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). As previsões da USDA indicam crescimento de todos os itens de produção animal, como carnes bovinas, suínas e o leite. Desses itens, a carne bovina deve contribuir com metade do PIB agropecuário, com crescimento de 3%. De acordo com o instituto, essa alta é reflexo do aumento de exportações na categoria.
A perspectiva para a carne suína é impulsionada pelo cenário externo, o qual sofre com a disseminação da peste suína africana na China. Dessa forma, para 2019, há expectativa de crescimento de 5,65% da categoria. A exportação de suínos não está entre as 10 principais do Brasil, porém, segundo Ana Cecília Kreter, pesquisadora da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, a carne pode entrar nessa categoria e o Brasil se tornar um grande exportador, já que a peste na China interfere a exportação do país. ;A expectativa do setor é de alta de produção e exportação;, disse.
Na agricultura, as lavouras devem representar 0,1% do crescimento do PIB agropecuário. Para os pesquisadores, o pequeno crescimento é explicado pela queda da produção de soja que, segundo o Levantamento Sistemático de Agricultura do IBGE, deve encolher 4,4% no ano. Essa queda ocorre devido a problemas climáticos na região Centro-Sul do país que atrapalham a produção. Para Guilherme Bastos, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, a tendência da exportação do grão para os próximos dois meses não é alta. ;Tudo indica que em junho e em julho seja abaixo do ano passado;, disse.
Já outros produtos, como o farelo de soja, deve continuar tendo queda, devido à peste suína africana que diminuiu o consumo do farelo no país. ;A peste impacta de forma direta e indireta no cenário internacional. O que há no setor impacta de forma direta nos produtos, como no farelo da soja, que é utilizado para ração;, explicou Ana Cecília. Todavia, a pesquisadora explica que, com a peste, pode haver aumento da exportação do milho, que deve ter crescimento expressivo de 12,6% em 2019. ;A partir do momento que tem problema com uma carne, há aumento do consumo de frango e, logo, de exportação do milho para ração;, explicou.
A respeito de renda e emprego no agronegócio, o cenário aparenta melhora em relação a 2018. Segundo Nicole Rennó, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada do Cepea/USP, não há tantas mudanças nos valores de produção. Contudo, mesmo positivos, as estimativas apontam para redução de renda no setor, sendo o custo de produção o vilão. ;Um aumento no uso de fertilizantes, com preços maiores pressiona a renda;, explicou.
O emprego também se mantém estável, com o mesmo contingente de pessoas do mesmo trimestre do ano passado. De acordo com Nicole, a estabilidade segue a tendência de aumento de emprego informal e de aumento do nível médio de qualificação da mão de obra. ;Isso reflete na entrada de pessoas com maior escolaridade no agronegócio;, concluiu. Nesse trimestre, o número de pessoas sem instrução no campo é 34% menor do que no mesmo trimestre do ano passado.