Os economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) revisaram a projeção de crescimento para a economia em 2019, de 1,8% para 1,4%. No primeiro trimestre, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha variação nula ante os três últimos meses de 2018, confirmando o quadro de paralisia na economia. A principal responsável por isso é a elevada incerteza quanto aos rumos da economia, com destaque para a falta de definição sobre a reforma da Previdência, disse a economista Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre.
Na economia real, essa paralisia se materializa na suspensão de projetos de investimento, ao mesmo tempo que os governos, em crise fiscal, cortam os investimentos públicos. A projeção do Ibre/FGV aponta para uma queda de 2,2% na formação bruta de capital fixo (FBCF, medida do total dos investimentos no PIB) no primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2018.
Investimentos
Se confirmada, a queda na FBCF será a segunda seguida. No quarto trimestre de 2018, o investimento caiu 2,5% ante o terceiro trimestre. Segundo Silvia, diante das expectativas positivas após as eleições de outubro, seria natural haver alguma recuperação dos investimentos no início deste ano, mas a demora para aprovar mudanças na Previdência no Congresso Nacional cria dúvidas sobre a agenda de reformas.
Para piorar, a economia brasileira foi atingida por dois choques negativos na virada de 2018 para 2019. De um lado, o agravamento da crise econômica na Argentina desde o segundo semestre do ano passado minou a demanda externa da indústria manufatureira, com destaque para a automotiva. Por outro, o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração da Vale em Brumadinho (MG), em janeiro, atingiu em cheio a indústria extrativa.