Depois de ter subido quase 5% em dois pregões, o Índice Bovespa perdeu fôlego nesta quarta-feira, 22, com os investidores à espera de sinais de evolução concreta no ambiente legislativo, onde o dia foi marcado por discussões e votações. O indicador alternou sinais ao longo do dia e arrastou-se em torno da estabilidade na última hora de negociação. Ao final do pregão, marcou 94.360,66 pontos, com baixa de 0,13%. Os negócios somaram R$ 13,7 bilhões.
"O cenário internacional não trouxe um 'driver' que pudesse direcionar o mercado. Nem mesmo a ata do Federal Reserve repercutiu nos preços, uma vez que o documento trouxe 'mais do mesmo'", diz Rafael Winalda, analista da Toro Investimentos. Internamente, afirma o analista, a expectativa é de que a Câmara avance em matérias que impedem o avanço da tramitação de outros projetos, como as reformas da Previdência e a administrativa.
Ontem à noite, a Câmara aprovou a MP 863, que libera 100% do capital das companhias aéreas a estrangeiros. A matéria estava sendo apreciada em sessão aberta no final da tarde no Senado, sob o risco de perder a validade caso não haja votação. Também foi costurado um acordo entre o governo e os parlamentares para votar hoje a MP 870, que trata da reforma administrativa, considerada prioridade para o governo. A primeira sessão aberta para esse fim foi encerrada por falta de quórum e uma nova convocação foi feita, ainda para hoje.
Apesar dos sinais de maior empenho do Congresso em dar agilidade à pauta, a cautela do investidor não foi abandonada. O próprio Rodrigo Maia, cujo papel tem sido considerado crucial, é objeto de precaução. Depois da notícia do seu rompimento com o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), Maia negou o fato porque, segundo ele, nunca houve relação com o parlamentar governista.
"O clima mais calmo dos últimos dias patrocinou a alta do Ibovespa nos últimos dois dias, mas a incerteza continua pairando no ar, o que incentiva a cautela. Para o Ibovespa reconquistar novos patamares, deverá haver evolução de fato", disse o analista da Toro.
Ao longo do dia, o Ibovespa oscilou entre a máxima de 95.212 pontos (+0,77%) e a mínima de 93.883 pontos (-0,64%). As bolsas de Nova York oscilaram em terreno negativo ao longo de todo o dia e não contribuíram para a sustentação do apetite por risco por aqui. Ao final da tarde, o MSCI Emerging Markets, que acompanha a variação das bolsas de 24 países emergentes, tinha baixa de 0,49%. Já o MSCI Brazil avançava 0,25%.
As quedas mais importantes do dia ficaram com papéis do setor financeiro, com destaque para Bradesco PN (-1,78%) e as units do Santander (-1,64%).