Jornal Correio Braziliense

Economia

Bolsas da Europa fecham mistas com EUA-China e Brexit no radar

As principais bolsas da Europa fecharam sem direção única nesta quarta-feira, 22, após mais um dia de agravamento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. Na Europa, o conturbado processo do Brexit volta ao radar dos investidores após a primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciar uma nova proposta de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) para ser apresentada ao Parlamento do país. O índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,08%, em 379,19 pontos. A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo ganhou mais um capítulo nesta quarta, após a imprensa internacional repercutir a possibilidade de os EUA estarem considerando restringir o uso de tecnologia americana, como ocorreu com a Huawei, para até cinco outras empresas chinesas. Em nota, a Hikvision, uma das companhias que podem ser penalizadas, afirmou estar preocupada com o uso de sua própria tecnologia e que "leva a segurança cibernética muito a sério". Ainda em solo americano, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que autoridades americanas trabalham há seis meses para um acordo comercial com o governo de Pequim, que avançava, mas ressaltou que as conversações agora estão em diferente estágio, pois "a China tomou grande passo para trás nas negociações." De acordo com Mnuchin, o presidente dos EUA, Donald Trump, quer livre-comércio. "O presidente Trump e Xi Jinping devem se encontrar em junho", disse o secretário. Na China, o Ministério das Finanças anunciou o corte de impostos sobre os setores de software e circuitos integrados para fomentar seu desenvolvimento, em um momento de pressão dos Estados Unidos nas negociações comerciais. A maior parte do smartphones, tablets e outros eletrônicos é montada na China, mas suas empresas geralmente usam microchips e outros componentes vindos dos EUA, do Japão ou de Taiwan. As incertezas voltaram a pressionar as empresas europeias de tecnologia, como a francesa Technip (-2,70%) e a franco-italiana STMicroelectronics (-1,56%). Em Paris, o índice CAC 40 recuou 0,12%, em 5.378,98 pontos, enquanto na Bolsa de Milão, o índice FTSE MIB caiu 0,61%, em 20.573,31 pontos. No Reino Unido, a libra voltou a ficar pressionada e atingiu as mínimas desde janeiro com os investidores céticos quanto às chances de Theresa May de aprovar sua mais nova proposta para o Brexit no Parlamento britânico. A moeda mais fraca favoreceu as empresas exportadoras, como a mineradora Rio Tinto (+0,82%). Além disso, as ações da companhia postal de capital misto do Reino Unido, a Royal Mail, subiram 5,01% após a promessa de investimento de 1,8 bilhão de libras na empresa. Na Alemanha, o banco Commerzbank teve sua reunião geral anual e disse que pode procurar outros acordos com diferentes instituições financeiras após o colapso das negociações de fusão com o Deutsche Bank. A informação apoiou os papéis das instituições financeiras Wirecard (+5,0%) e Deutsche Boerse (+1,93%), levando o índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, a fechar em alta de 0,21%, em 12.143,47 pontos. Em Madri, o índice Ibex 35 caiu 0,07%, em 9.239,10 pontos, enquanto em Lisboa, o índice PSI 20 recuou 0,28%, em 5.108,06 pontos.