Para o especialista Werner Goertz, diretor sênior de Pesquisas do Gartner, parte dessa decisão dos EUA de frear os negócios tecnológicos chineses pode ter relação direta com o avanço da Huawei na área de celulares, onde desafia a Apple, gigante americana.
Qual é o impacto do anúncio do Google no futuro da Huawei?
O negócio da Huawei é uma combinação de infraestrutura e terminais móveis. Enquanto a principal pressão política tem sido no lado de infraestrutura, especialmente nas redes 5G, o grupo de dispositivos encontra-se no meio do confronto. No curto prazo, os negócios continuarão: a Huawei está desafiando a Apple como o número 2 em dispositivos móveis. O impacto no mercado americano não será tão grande, porque a Huawei nunca estabeleceu relacionamentos assim, como fizeram por lá operadoras como a Samsung e a Apple, mas na Europa o impacto poderia ser mais significativo. Na China, claro, o principal mercado para Huawei, vamos ver se a companhia desenvolverá extensões do sistema operacional, o que poderia levar a uma divisão muito perigosa do mercado dominado pelo Android.
A decisão pode ser temporária?
Isso é especulativo. Se for realmente implementado e permanente, a Huawei desenvolverá suas próprias cadeias de fornecimento de hardware e software. Isso teria um impacto negativo no cenário do provedor de aplicativos e levaria a um mercado de sistema operacional móvel mais fragmentado. Mais importante ainda, impactará negativamente na base de usuários no mercado global. Resta ver como as inovações importantes para a indústria, como o modelo Huawei Mate X, serão afetadas negativamente.
Qual poderia ser a estratégia da Huawei para minimizar os efeitos da decisão do Google? Poderia optar por uma política de preços mais agressiva ou tentar construir uma marca tão forte quanto a Apple?
Poder construir uma cadeia de suprimentos de parceiros de software e hardware próprios. Isso afetaria o chip e fornecedores de sistemas operacionais. A Huawei irá, a médio e longo prazo, encontrar outros parceiros de chip. No entanto, serão necessários vários trimestres para os fabricantes de chips retirarem um dispositivo existente da prateleira e adaptá-lo às necessidades dos clientes da Huawei. Este não é, portanto, um problema de preço ou de marca, mas uma decisão arquitetônica. Para resumir, é difícil ver quaisquer vencedores, se esse desenvolvimento realmente se tornar realidade, mas é fácil ver muitos perdedores, não só a Huawei.