A Embraer encerrou o primeiro trimestre com uma dívida líquida de R$ 4,3 bilhões, um aumento de 152% em relação ao reportado no final de final de 2018. No informe de resultados, a companhia atribui a expressiva alta no endividamento ao uso livre de caixa no período, a sazonalidade do negócio e também ao pagamento de dívida ocorrido no trimestre. No comparativo entre mesmos trimestres, o uso livre de caixa da companhia quase dobrou, de R$ 1,339 bilhão para R$ 2,495 bilhões.
A companhia encerrou o primeiro trimestre com caixa de R$ 9,677 bilhões e dívida de R$ 13,978 bilhões. Ao final de março, o volume total de financiamentos da companhia diminuiu para R$ 13,978 bilhões, em relação aos R$ 14,134 bilhões ao final de 2018. No período, a dívida de longo prazo totalizou R$ 12,809 bilhões, enquanto a dívida de curto prazo foi de R$ 1,168 bilhão.
Considerando o perfil atual da dívida, o prazo médio de endividamento é de 5,3 anos. Ao final do primeiro trimestre, o custo da dívida em dólar ficou estável em 5,28% ao ano e o custo da dívida em reais caiu para 2,06% ao ano. A relação do Ebitda nos últimos 12 meses versus as despesas sobre os juros caiu de 1,3 no final de 2018 para 1,2 em 31 de março. Ao final do primeiro trimestre, 6,5% da dívida total eram denominadas em reais.
Segundo a companhia, o consumo de caixa em atividades operacionais (líquido de investimentos financeiros e ajustado pelos impactos não recorrentes no caixa) no trimestre praticamente dobrou em relação ao informado um ano antes, passando de R$ 1,010 bilhão para R$ 2,088 bilhões.
No período, ressalta a Embraer no balanço, "os investimentos em capital de giro (especialmente Estoques e Contas a receber de clientes e ativos de contrato) também aumentaram, assim como a ausência de contribuições de parceiros para compensar os investimentos em desenvolvimento no trimestre, quando comparado ao mesmo período do ano anterior".
Alocação e caixa
A estratégia de alocação de caixa, de acordo com a empresa, continua sendo uma das principais ferramentas para a mitigação do risco cambial. Ajustando a alocação do caixa em ativos denominados em reais ou dólares, a Embraer busca neutralizar sua exposição cambial sobre as contas do balanço. Ao final do trimestre, o caixa alocado em ativos denominados em dólar era de 88%.
Complementando sua estratégia de mitigação dos riscos cambiais, a companhia aderiu a alguns hedges financeiros para reduzir a exposição do seu fluxo de caixa. "Essa exposição ocorre pelo fato de que aproximadamente 10% da Receita líquida da companhia é denominada em reais e aproximadamente 20% dos seus custos totais também são denominados em reais", explica a empresa no informe de resultados. Para 2019, cerca de 55% da exposição em real está protegida, caso o dólar se desvalorize abaixo de R$ 3,43, acrescenta.
Aviação comercial
A participação do segmento de Aviação Comercial na receita consolidada da Embraer diminuiu no primeiro trimestre para 34,2%, contra 39,7% de um ano antes, já que as entregas desse segmento caíram de 14 para 11 jatos na comparação entre os trimestres. No quarto trimestre, a participação do segmento na receita da companhia atingiu 50,3%.
Já a parcela da receita de Aviação Executiva na receita subiu de 13,4% para 14,4% no comparativo entre mesmos trimestres, com um aumento de 8% na receita em comparação com o ano anterior, devido à variação cambial. O segmento de Defesa & Segurança ficou praticamente estável e sua participação na receita total da companhia foi de 21,8% no primeiro trimestre.
As receitas de Serviços & Suporte cresceram 19% em relação ao ano anterior, para R$ 920,7 milhões no trimestre, representando 29,5% da receita consolidada da Embraer no primeiro, comparado a 24,9% reportado em igual período do ano anterior.