A BRF registrou prejuízo líquido de R$ 113 milhões nas operações continuadas no primeiro trimestre de 2019, redução de 14,7% ante as perdas de R$ 133 milhões registradas no mesmo período do ano anterior. O prejuízo líquido total - soma das operações continuadas e descontinuadas - foi de R$ 1,012 bilhão, ante R$ 62 milhões no primeiro trimestre de 2018. O dado teve impacto da baixa contábil de R$ 863 milhões (CTA - Cumulative Translation Adjustment, hiperinflação e demais efeitos), sem efeito caixa, de venda dos ativos da Argentina.
A receita líquida teve alta anual de 4,7%, chegando a R$ 7,359 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 748 milhões no trimestre, alta de 9,3% ante o mesmo período de 2018.
A companhia destaca que o IFRS 16 teve impacto positivo de R$ 158 milhões no Ebitda do trimestre. A margem Ebitda ajustado foi de 10,2%, alta anual de 0,4 ponto porcentual.
A companhia afirmou que os resultados "demonstram nossa disciplina de execução da nossa estratégia de longo prazo", e que o aumento nos custos dos grãos, de quase 35%, teve impacto nos resultados.
A empresa também destacou o aumento na participação dos produtos processados no mercado Halal, que causou aumento de quase 13% nos preços médios de venda em relação ao primeiro trimestre de 2018.
Alavancagem
A BRF registrou aumento na alavancagem - nível de endividamento calculado pela razão entre dívida líquida e Ebitda ajustado - no primeiro trimestre de 2019. O indicador subiu para 5,64 vezes no período, ante 5,12 vezes no quarto trimestre de 2018 e 5,39 vezes no primeiro trimestre de 2018.
A empresa afirma que o aumento se deu pela apreciação do dólar e pela desconsideração do Ebitda de operações descontinuadas.
Em mensagem assinada pelo diretor-presidente global, Pedro Parente, e pelo atual diretor vice-presidente executivo global e futuro CEO, Lorival Nogueira Luz Jr, a companhia diz que mantém a meta de atingir nível de 3,65x até o final de 2019.
Com dados em base pro-forma, a dívida líquida caiu 8,8% ante o quarto trimestre de 2018, para R$ 14,238 bilhões - a companhia inclui a venda de ativos na Europa e na Tailândia, no valor de R$ 1,163 bilhão, e o montante a receber pela venda de ativos na Argentina, de R$ 96 milhões.
A dívida líquida das operações continuadas totalizou R$ 15,498 bilhões, alta de 10,5% ante o mesmo trimestre do ano anterior. "Quando desconsideramos os efeitos da adoção do IFRS 16 no EBITDA das operações continuadas, chegamos a uma alavancagem líquida proforma de 6,01x no 1T19 para as operações continuadas", diz o balanço divulgado.
O fluxo de caixa operacional das operações continuadas no trimestre foi de R$ 512 milhões, ante R$ 217 milhões no mesmo período de 2018. Após dispêndios em Capex, a geração de caixa operacional ficou em R$ 90 milhões, revertendo resultado negativo de R$ 253 milhões no primeiro trimestre do ano passado.