Jornal Correio Braziliense

Economia

Tensão comercial no exterior dita ritmo na B3 e Ibovespa fecha em baixa de 0,83%

O temor de um acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a impor perdas ao mercado brasileiro de ações nesta quinta-feira, 9, depois de uma breve trégua na quarta-feira. Declarações do presidente americano, Donald Trump, ora mais agressivas, ora mais amenas, ditaram o ritmo das oscilações dos ativos ao redor do mundo. O Índice Bovespa, que chegou a cair 1,79% pela manhã, acompanhou a desaceleração das quedas em Nova York à tarde e terminou o dia em baixa de 0,83%, aos 94.807,85 pontos. Em comício na quarta-feira à noite, o presidente dos Estados Unidos afirmou que a China havia quebrado o acordo comercial e que por isso ele decidiu por ampliar a sobretaxação aos produtos chineses. Na madrugada, a China respondeu com ameaça de retaliação à imposição de novas taxas à importação de seus produtos pelos EUA. Em meio ao tiroteio, as perdas nos mercados foram generalizadas e o índice VIX, que mede a volatilidade nos mercados, atingiu seu maior patamar desde janeiro. No início da tarde desta quinta, Trump foi ao Twitter acenar com uma "alternativa excelente", caso o acordo não seja alcançado. A declaração acabou por afastar as bolsas de Nova York das mínimas, com reflexos imediatos nos mercados emergentes, incluindo o brasileiro. Por aqui, as quedas foram lideradas por ações do setor financeiro, pela elevada liquidez, e pelos papéis de empresas de commodities, devido à queda das matérias-primas no mercado internacional. O petróleo oscilou em queda ao longo de todo o dia e as ações da Petrobras caíram 1,97% (PN) e 2,85% (ON). Vale ON perdeu 0,94% do seu valor. Entre os bancos, destaque para Bradesco PN (-1,89%) e Itaú Unibanco PN (-1,24%). A exceção foi Banco do Brasil ON, que subiu 0,89%, refletindo o resultado financeiro trimestral acima das projeções. Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a possibilidade de não resolução da guerra comercial entre Estados Unidos e China parece "importante e impactante", o que justifica a aversão ao risco que atinge principalmente os países emergentes. Ele lembra que esses mercados já vêm fragilizados desde os acenos do Federal Reserve de que não deve reduzir os juros básicos dos Estados Unidos até o final do ano, o que elevaria a competitividade desses mercados. Na análise por índices setoriais da B3, a maior queda foi do Índice de Consumo (ICON), que terminou o dia em baixa de 0,70%. As quedas das ações de consumo e varejo foram atribuídas aos recorrentes dados apontando desaceleração da economia. Nesta quinta, o IBGE divulgou que as vendas no varejo subiram 0,3% em março, em relação a fevereiro. A mediana da pesquisa do Projeções Broadcast apontava elevação de 1,0%. O economista-chefe da Daycoval Investimentos, Rafael Cardoso, disse que o resultado foi decepcionante e adiciona viés de baixa na projeção para o PIB do primeiro trimestre, que "deve ficar bem próximo de zero".