O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que, se o Congresso Nacional aprovar a reforma da Previdência com impacto menor, de "R$ 600 bilhões ou R$ 700 bilhões", não será possível lançar o regime de capitalização.
Ele explicou que a economia de R$ 1 trilhão em dez anos, que vem sendo defendida por ele, é necessária para garantir a transição entre os dois modelos. "Temos total consciência de que capitalização não pode ser aventura. A resposta está aqui dentro. Se a reforma for de economia de R$ 1 trilhão, temos confiança em lançamento de novo regime sem derrubar antigo", afirmou, durante audiência na Comissão Especial da reforma da Previdência.
O ministro disse ainda que a proposta de reforma não traz os detalhes da capitalização justamente porque ela só será lançada "se houver combustível" e defendeu que, quanto mais demorada for a criação do regime, mais difícil a transição. Ele afirmou ter "atração" pelo modelo de poupança garantida - em que o governo bancará o salário mínimo para quem não tiver poupado o suficiente. "O Brasil é solidário, nenhum regime substituirá isso", completou.
Segundo Guedes, a ideia é reduzir o custo dos empregos para que os mais jovens entrem no mercado de trabalho. "É ilusão achar que os jovens entram no sistema e sangram a velha Previdência. Eles não vão entrar, eles ficarão desempregados", afirmou. "Todo o esforço é para garantir sistema atual, não para eliminá-lo."
Ele rebateu ainda declarações de deputados oposicionistas de que o sistema de capitalização não deu certo. "O que não deu certo foi o sistema de repartição. Quebrou na Grécia, em Portugal, em todo lugar", completou.
Teto dos gastos
Guedes disse que, sem a reforma da Previdência o teto de gastos não será cumprido. "O teto é intenção. Se não fizermos a reforma da Previdência, é um teto sem parede, cai".
Guedes defendeu a necessidade de aprovação da reforma para que o Brasil volte a crescer e falou nunca ter tido a ilusão de que o País iria crescer "3% a 4%" por agora. "O Brasil é prisioneiro de armadilha do baixo crescimento por incapacidade de fazer reforma", completou, reforçando que não há espaço para criar novos impostos.
O ministro frisou que direitos básicos não estão sendo atingidos pela reforma e disse que a antecipação do pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), em valores menores que um salário mínimo, é uma opção do beneficiário. "Isso está aberto para os senhores, confio que bom senso prevalecerá."
O ministro disse ainda entender que o tema da aposentadoria rural é importante para a bancada nordestina e disse que a aprovação ou não das mudanças está com os deputados.