Os três maiores bancos privados do País conseguiram emplacar resultados ainda melhores no primeiro trimestre deste ano, a despeito das revisões para baixo quanto à atividade econômica por conta do atraso da reforma da Previdência. O combustível para os números do período foi o crescimento mais acelerado da oferta de crédito, ao menos no comparativo anual, e a continuidade dos menores gastos com calotes.
Juntos, Itaú Unibanco, Santander Brasil, Bradesco apresentaram lucro líquido de R$ 16,6 bilhões no primeiro trimestre, 15,43% a mais do que o registrado em igual período de 2018. O destaque de crescimento ficou com o Bradesco, que viu seus resultados aumentarem 22,3% no período. Na sequência, vieram Santander, com avanço de 21,9% e Itaú, com alta de 7,1%.
O diretor da empresa de análises financeiras Eleven Financial, Carlos Daltozo, diz que o Bradesco tem mais espaço de crescimento que seus pares e, por isso, apresentou expansão em ritmo mais elevado. Uma das razões é o fato de o banco ainda colher sinergias de receitas da integração do HSBC.
Do lado do crédito, o banco também foi o que mais se destacou. A carteira do Bradesco cresceu 12,7%, a do Santander teve alta de 9,3% e a do Itaú, de 7,7%.
Se no comparativo anual o crédito mostrou mais vigor no trimestre, a despeito de questões sazonais, as carteiras já sentiram o arrefecimento da economia. De acordo com o presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, o crédito não deve deslanchar esse ano. O próprio banco, que, conforme ele, segue crescendo, espera que sua carteira fique próxima da marca dos R$ 400 bilhões neste ano.
Alcançar essa cifra, porém, significa crescer menos de 4% em 2019, abaixo do ritmo do ano passado, quando os empréstimos totais do Santander tiveram expansão de 11,2%. "Crescer 4% parece muito fácil, né? Por isso, acho que vamos passar dos R$ 400 bilhões, mas tenho dúvida nas grandes empresas", disse ele, acrescentando que o crédito deve ser puxado novamente pelas pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas este ano.
Tanto o Santander quanto o Itaú Unibanco viram sua carteira de crédito para grandes empresas encolher mais de 3% no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado. O Bradesco foi exceção com alta de 5,5%, na mesma base de comparação. "Dois pontos justificam essa expansão: o dólar e o fato de que o banco aproveitou as pouquíssimas oportunidades em créditos corporativos", disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, em recente conversa com jornalistas.
Milton Maluhy, vice-presidente executivo do Itaú Unibanco, afirma que, apesar da queda da carteira, a demanda por parte das grandes empresas melhorou. "No primeiro trimestre, especialmente em março, notamos melhora na demanda das grandes empresas", escreveu.
Rentabilidade
Com a qualidade dos ativos sob controle, exceto movimentos pontuais por conta dos maiores gastos do começo do ano junto às famílias brasileiras e maiores volumes de negócios, os bancos privados seguiram melhorando sua rentabilidade no início deste ano.
O Itaú Unibanco se manteve isolado entre seus pares com retorno (ROE, na sigla em inglês) de 23,6%. Em seguida, vieram Santander, com rentabilidade de 21,1%, e Bradesco, com 20,5%.
"A economia teve um início de ano com desempenho mais modesto do que as expectativas apontavam, refletindo, em parte, a incerteza sobre a trajetória fiscal do País", escreveu, em nota à imprensa, o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher. "Seguimos confiantes na retomada do crescimento sustentável, para a qual é imprescindível a reforma da Previdência."
O destaque do Itaú também foi o crescimento dos empréstimos a micro, pequenas e médias empresas, com avanço de 2,7% no trimestre e 13,9% no ano, e ainda pessoas físicas, com aumentos de 2,0% e 12,7%, respectivamente. Em contrapartida, o crédito para grandes empresas encolheu 0,5% no primeiro trimestre, ante os três meses anteriores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.