Com a demanda mundial desaquecida e a economia brasileira em marcha lenta, o comércio entre o Brasil e outros países caiu em abril, com recuo tanto nas exportações quanto nas importações. Nos primeiros quatro meses do ano, houve queda de 2% na corrente de comércio, com redução de 8,7% no saldo, 2,7% nas exportações e 0,8% nas importações. Ainda assim, houve aumento de 2,3% no saldo comercial, que fechou abril em US$ 6,061 bilhões.
De acordo com o subsecretário de Estatísticas de Comércio Exterior da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), Herlon Brandão, a principal causa da queda nas exportações é a redução do preço de produtos da pauta brasileira, como soja, petróleo, açúcar, café e automóveis, e do menor volume de minério de ferro exportado.
No caso da soja, houve redução de 8% no preço no quadrimestre, resultado de uma combinação de menor demanda chinesa e excesso de oferta mundial. Já as vendas de minério de ferro foram afetadas pelos problemas enfrentados pela Vale que, desde a tragédia de Brumadinho, reduziu a produção. Com isso, houve uma redução de 7% no volume exportado no quadrimestre.
A crise econômica pela qual passa a Argentina também afetou as vendas, principalmente de automóveis. Com isso, houve redução de 46,5% no total exportado para o país e 37,9% para o Mercosul.
Já as vendas para o Oriente Médio registraram alta de 30,4%, mesmo depois das ameaças de boicote aos produtos brasileiros por países árabes por conta da aproximação com Israel. "A questão comercial está apartada da política, o Brasil continua exportando normalmente, principalmente carnes", afirmou.
No total, as exportações de carne bovina in natura subiram 48% em abril e 6% no quadrimestre, enquanto carne de frango cresce 36% no mês e 3,3% no ano. Já a carne suína avançou 51% no ano e 7,7% em abril.
Importações
Houve redução também no volume importado neste ano, com o Brasil comprando menos combustíveis e bens como automóveis. "Combustível é um insumo importante para agricultura e transporte de mercador é um indicador da atividade econômica. Temos uma atividade econômica em recuperação lenta, isso faz com que a demanda por produtos importados seja menor", avaliou.
Apesar desse quadro, Brandão disse que a perspectiva é de melhora para o ano, com crescimento da importação e das exportações. "Ainda esperamos crescimento do comércio para o ano", completou.