Pela nona semana seguida, a estimativa de crescimento econômico do ano apresentou queda: de 1,71%, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), previsto para o ano de 2019, caiu para 1,70%. As informações são do relatório ;Focus;, divulgado hoje pelo Banco Central, com base em uma análise semanal de mercado de mais de 100 instituições financeiras.
Em relação aos próximos anos, o boletim mostra um crescimento para 2020, com uma previsão de crescimento de 2,50%. Há um mês, a previsão para o ano que vem era de 2,75%. Em 2021 e 2022, a expectativa é que a taxa se estabilize e continue em 2,50%.
Para o pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, Marcel Balassiano, a queda representa a recuperação lenta e gradual pela qual o país está passando. ;Começamos [o mercado] o ano com uma expectativa maior, mas, conforme os dados foram saindo, percebe-se que a recuperação da recessão continua sendo lenta e gradual. Tivemos resultados fracos das áreas de produção industrial, de serviços e de comércio. A confiança do consumidor, que havia apresentado uma elevação desde o plano de eleição, vem recuando, porque estava calcada na expectativa futura. Esses dados contribuíram para a revisão dessa expectativa,; explica.
Apesar da queda na previsão do PIB, a taxa de inflação permanece estável. Para o ano, a estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 4,01%, que permanece no intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%. A meta central de 2019, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CNM), é de 4,25%. No ano que vem, a estimativa da taxa de inflação segue em 4%, valor da meta central proposta. A previsão para a taxa Selic, que é regulada pela meta de inflação, permanece estável em 6,50%. Para 2020, a previsão é de que a Selic seja de 7,5%.
Para a balança comercial, a expectativa permanece em um saldo positivo de U$50 bilhões. Já no ano que vem, o superávit esperado é de U$46 bilhões. A entrada de investimentos estrangeiros no Brasil subiu, e está prevista pelo mercado em U$82 bilhões. Na última análise, a estimativa era de U$81,89 bilhões. A estimativa do ano que vem também cresceu: foi de U$83,38 para U$84,68. A projeção da taxa de câmbio no fim de 2019 segue em R$3,75 por dólar. Em 2020, houve um recuo de R$3,80 para R$3,79 por dólar.
Ainda de acordo com Balassiano, a projeção dos resultados tende a melhorar considerando a aprovação da reforma da Previdência. ;A reforma da Previdência passando, de acordo com as pesquisas, resultaria em um crescimento de 3% da economia em 2023; sem ela, haveria uma queda de 2%. A taxa de desemprego, que se encontra em 12,4%, cairia para 8% com a reforma e subiria para 15% sem ela. Quanto a dívida externa, que está em quase 80%, sem a reforma ela passaria de 100%. Então, de maneira mais imediata, a reforma traria esse canal de expectativas. Sendo sinalizada, a confiança do consumidor vem forte e os investimentos voltam, fazendo com que o PIB cresça e a situação do emprego melhore,; prevê.