O índice subiu para os homens de 25,6%, em 2017, para 26,1%, no ano passado, enquanto permaneceu estável de um ano para outro entre as mulheres (37%).
As informações constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), referente a outras formas de trabalho, divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), outras formas de trabalho compreendem afazeres domésticos, cuidados com pessoas, produção para próprio consumo e trabalho voluntário.
O Distrito Federal mostra a menor diferença entre homens e mulheres no cuidado com pessoas, da ordem de 6 pontos percentuais (27,1% dos homens e 33,1% das mulheres). "É o menos desigual", apontou Maria Lúcia Vieira.
O estado que realizou mais cuidados com pessoas, moradoras ou não em seu domicílio, em 2018, foi o Amapá, onde 47,3% das pessoas cuidam de algum parente. Em contrapartida, o Rio de Janeiro é o que apresenta menor percentual: 27,5%. Segundo a economista, são as mulheres fluminenses que estão puxando a taxa para baixo.
O maior percentual de pessoas que recebem cuidados é observado para crianças de 6 a 14 anos de idade em todo o Brasil: 50,1%. A gerente da PNAD destacou que os cuidados podem ser realizados para mais de uma pessoa.
O maior percentual de atividade para os dois sexos foi registrado em monitorar ou fazer companhia no domicílio: 91,6 % das mulheres fazem companhia dentro de casa para as crianças contra 87,9% dos homens. Quando se analisa os cuidados pessoais, como dar banho, vestir, o percentual de homens e mulheres muda bastante: 85,6% das mulheres cumprem a tarefa de auxiliar nos cuidados pessoais, contra 67% de homens.
Nas atividades educacionais, foram apurados os percentuais de 72% para as mulheres e 60,7% para os homens. Para ler, jogar ou brincar, as taxas foram 77% para as mulheres e 63,7% para os homens. Transportar ou acompanhar para a escola ou médico registraram 72,6% para mulheres e 69,3% para homens.
Consumo próprio
A taxa de realização de produção para o próprio consumo alcançou 7,7% no país em 2018 e vem crescendo desde 2016, quando foi de 6,3%, passando para 7,3% em 2017. O Piauí foi o estado que registrou a maior taxa (21,2%), em 2018, enquanto o Rio de Janeiro mostrou a mais baixa (1,4%). Maria Lúcia explicou que a maior parte da produção está relacionada à agropecuária, que não é muito intensiva no Rio de Janeiro. "É por isso que esse percentual é baixo".
O trabalho de produção para o próprio consumo compreende quatro conjuntos de atividades: cultivo, pesca, caça e criação de animais; produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material; fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos; e construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras de construção. Em 2018, 8,4% da população masculina se dedicavam à produção para próprio consumo, contra 7% de mulheres, em nível nacional.
As taxas mais altas foram observadas nas regiões Nordeste (10,9%) e Norte (10,2%), embora a taxa tenha ficado abaixo da registrada em 2017 (11,1%). A avaliação por faixa etária mostra que a produção para o próprio consumo se eleva com a idade: entre os que estão com 50 anos ou mais, a taxa era de 11%, em 2018, contra 3,4% entre os jovens de 14 a 24 anos, e 7,2% entre 25 e 49 anos de idade. A tendência foi percebida em todas as regiões do país, com o Nordeste e o Sul exibindo as maiores taxas para as pessoas com 50 anos ou mais de idade (14,8% e 14,7%, respectivamente).
Trabalho voluntário
Em relação ao trabalho voluntário, que é feito sem remuneração em dinheiro e realizado durante pelo menos uma hora na semana de referência, com objetivo de produzir bens ou serviços para terceiros, ou seja, pessoas não parentes e não moradoras no domicílio, a média Brasil apurada em 2018 foi 4,3%, sendo 3,4% homens e 5% mulheres. Trabalhos realizados em organizações não governamentais (ONGs), sindicatos e congregações religiosas são exemplos de trabalho voluntário. O quantitativo da população dedicado a esse tipo de trabalho era de 7,3 milhões de pessoas, em 2017, e caiu para 7,2 milhões, em 2018.
"A gente acha que esse valor (4,3%) é subestimado, porque as pessoas não se percebem realizando esse trabalho voluntário como é definido pelas organizações internacionais", afirmou a economista. O número cresceu em relação a 2016, quando foi de 3,9%, mas se manteve estável em relação a 2017 (4,4%). Maria Lúcia esclareceu que em números absolutos, o resultado deve ser maior, porque a população aumentou de 2017 para o ano seguinte.
Por regiões, o Sul brasileiro apresentou a taxa mais alta de trabalho voluntário em 2018 (4,9%), seguida do Centro-Oeste, Norte e Sudeste (4,6% cada). A taxa mais baixa coube à Região Nordeste (3,1%). O estado que faz mais trabalho voluntário é o Amapá, com 5,8% da população. O Amapá também apresenta o maior percentual de mulheres voluntárias do país (7%).
Já o Distrito Federal detém a maior taxa de homens trabalhadores voluntários (4,8%), seguido do Amapá, com 4,6%, Em contrapartida, em Alagoas somente 1,3% da população realiza trabalho voluntário.
O voluntariado aumenta em função da escolaridade. A pesquisa mostra que, entre as pessoas com ensino superior completo, 8% realizam trabalho voluntário no Brasil. Entre as pessoas sem instrução ou com o ensino fundamental completo, o percentual reduz para 2,9%. Por grupos de idade, as pessoas com 50 anos ou mais exercem mais trabalhos voluntários (5%), contra 2,6% na faixa etária de 14 a 24 anos e 4,4% na faixa de 25 a 49 anos.
A análise pela frequência revela que 48,4% das pessoas que realizam trabalhos voluntários o fazem por quatro ou mais vezes por mês. Por horas, a média Brasil em 2018 foi de 6,5 horas semanais dedicadas a atividades voluntárias.