Jornal Correio Braziliense

Economia

Dívida em títulos públicos cresce 1,15% em março, somando R$ 3,917 trilhões

Maiores credores do governo continuam sendo os fundos de investimento. Custo médio dos papéis da União aumentam para os cofres públicos, puxados por aumento da dívida externa

O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) registrou aumento de 1,15% em março, passando de R$ 3,873 trilhões para R$ 3,917 trilhões, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (26/04) pelo Tesouro Nacional. Esse dado é o total de títulos emitidos pela União no mercado interno e externo, mas a maior parte dessa dívida, 96%, é doméstica.

A Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) cresceu 0,87% entre fevereiro e março, passando de R$ 3,731 trilhões para R$ 3,764 trilhões, devido à emissão líquida de R$ 2,9 bilhões e ao aumento do custo de juros, em R$ 29,7 bilhões. Já o estoque da DPF externa saltou 8,3% na mesma base de comparação, para R$ 153,7 bilhões (US$ 39,4 bilhões).

Essa taxa de crescimento maior na dívida externa foi resultado da variação do dólar e também pela emissão de US$ 1,5 bilhão de um novo título em moeda estrangeira com vencimento daqui a 10 anos, o Global 2029, de acordo com Luis Felipe Vital, coordenador-geral de operações da dívida pública. Conforme o Programa Anual de Financiamento (PAF) previsto para este ano, o limite para o estoque da DPF é de R$ 4,3 trilhões. Segundo o técnico, o governo cumprirá o PAF, ;sem mudanças nas metas; ao longo do ano.

Os maiores detentores da dívida pública doméstica continuam sendo os fundos de investimentos em março, com 27,24% do total, mesmo percentual de fevereiro. A fatia dos investidores estrangeiros apresentaram uma leve alta, passando de 12,18% para 12,24% na mesma base de comparação. Vital reconhece que o percentual dos estrangeiros ainda é baixo, pois a participação deles caiu muito desde a perda do grau de investimento. O pico ocorreu em maio de 2015, quando os investidores não-residentes chegaram a deter 20,8% do total da dívida interna.

Rentabilidade cai

A rentabilidade média dos títulos públicos apresentou queda de 0,44% em março, conforme dados apresentados pelo Tesouro. Em meio às incertezas no mercado doméstico devido à bateção de cabeças do governo na área política e do fraco desempenho da economia no início deste ano, o custo médio da dívida pública federal aumentou.

Os juros médios passou de 9,69% ao ano para 9,79% anuais. O prazo médio dos papéis da DPF aumentou de 4,15 anos para 4,13 anos entre fevereiro e março, conforme os dados do Tesouro, sendo que o prazo da dívida interna ficou praticamente estável nesse período, em 4,02 anos e o da dívida externa caiu de 7,38 anos para 7,34 anos.

Vital observou um cenário mais negativo em março, principalmente, ;em função de preocupações com a desaceleração do crescimento global; e com ;o aumento das incertezas em relação à reforma da Previdência;. Contudo, o técnico demonstrou mais otimismo em relação a abril, com a instauração, ontem, da comissão especial que vai apreciar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência. ;Agora, vemos melhora nas condições de mercado;, frisou.

Leilões

Vital destacou que o cenário mais favorável em abril ajudou para que o resultado do leilão de títulos pré-fixados realizado ontem fosse positivo, porque ; houve venda integral de todos os lotes colocados à venda;. Os juros contratados pelas NTN-F, que pagam juros semestrais, ficaram entre 8,61% a 8,99% anuais para vencimentos em 2025 e 2020. Já os das LTNs com vencimentos entre 2020 e 2023, ficaram entre 6,48% e 8,48% ao ano.

No entanto, no leilão anterior realizado no dia 23, com papéis pós-fixados e indexados à inflação, não atraiu tanto os investidores para os seis lotes ofertados com vencimentos variando entre 2024 até 2055. Um lote de 500 mil de NTN-B com vencimento em 2028, por exemplo, com só conseguiu comprador para 45 mil, pagando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4,39%. Outro, de 150 mil títulos para 2055, só teve comprador para 8 mil títulos pagando IPCA mais 4,55% ao ano.

Tesouro Direto

O estoque do Tesouro Direto cresceu 2,74% em relação a fevereiro, somando R$ 57,6 bilhões. O papel com maior representação é o Tesouro IPCA, que responde por 44,56% desse montante. O total cadastros nesse programa voltado para o pequeno investidor chegou a 3,8 milhões no terceiro mês do ano, um salto de 85,36% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desse total, menos de um terço, 949,8 mil pessoas, são investidores ativos. De acordo com Vital, o valor médio das aplicações gira em torno de R$ 5 mil.