A reforma da Previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro, que na sua integralidade prevê a economia de cerca de R$ 1 trilhão em dez anos, deverá ser parcialmente desidratada ao longo da tramitação pelo Congresso Nacional, avaliam os economistas do Itaú Unibanco.
"Acreditamos que a versão a ser aprovada pelo Congresso terá impacto fiscal de 50% a 75% em relação ao do texto enviado pelo governo, ou seja, com uma economia acumulada entre R$ 540 e R$ 800 bilhões em 10 anos", afirma o banco em nota enviada a clientes.
Conforme o Itaú, a economia de R$ 1 trilhão pela proposta original representaria um incremento de 2,5 ponto porcentual do PIB para o resultado primário de 2027 em relação ao cenário sem reformas. Já considerando a expectativa do banco, de redução do impacto fiscal, a economia poderá variar entre 1,4 ponto porcentual (p.p.) e 1,9 p.p. do PIB no primário.
O contexto por trás da expectativa do Itaú para aprovação da reforma é a "existência de uma maioria no Congresso Nacional" que concorda com a importância e necessidade de reformular as regras previdenciárias. "Esta maioria pode ser mobilizada para as votações", explica o banco em relatório.
Entre os pontos mais suscetíveis a alterações ou até mesmo exclusão da proposta, o Itaú Unibanco indica as propostas de mudanças na aposentadoria rural, no BPC e no tempo mínimo de contribuição, assim como uma "suavização" nas regras de transição. "Enquanto os 3 primeiros itens retirariam R$ 143 bilhões da economia com a reforma (0,40% do PIB em 2027), a suavização das regras de transição retiraria cerca de R$ 80 bilhões em 10 anos (0,25% do PIB em 2027)", calculam os economistas do banco.
Já em relação ao período de tramitação até a aprovação da reforma, o Itaú espera que o processo esteja concluído ainda em 2019. "Apesar do ruído observado nas etapas iniciais de tramitação, esperamos aprovação da reforma da Previdência no terceiro trimestre de 2019 na Câmara dos Deputados e no quarto trimestre no Senado", aponta o Itaú Unibanco.