Os mercados acionários americanos encerraram o pregão desta quarta-feira, 17, em baixa, em um movimento de realização de lucros após os principais indicadores de ações de Nova York se aproximarem de níveis recordes. O gatilho veio após o futuro do S 500 ultrapassar o nível psicológico dos 2.920 pontos, mas não conseguir sustentar a alta, o que gerou uma rápida reversão dos ganhos vistos no mercado futuro antes da abertura dos negócios à vista. No radar dos agentes, estiveram a temporada de balanços e discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), além de novas indicações de crescimento econômico maior do que o previsto nos Estados Unidos neste início de ano.
Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,01%, aos 26.449,54 pontos, enquanto o S 500 recuou 0,23%, para 2.900,45 pontos. Já o índice eletrônico Nasdaq, que alcançou máxima histórica intraday de 8.052,40 pontos, cedeu 0,05%, para 7.996,08 pontos.
No acumulado do ano, o índice Dow Jones tem alta de aproximadamente 13% e fica atrás tanto do S 500 (+16%) quanto do Nasdaq (+20%). Os três indicadores têm se valido de perspectivas positivas quanto a um acordo comercial sino-americano, que os chineses desejam firmar no máximo no fim de maio ou no início de junho. Além disso, a visão mais "dovish" dos grandes bancos centrais tem apoiado a compra de ações. Para a chefe de estratégia de ações do canadense RBC Capital Markets, Lori Calvasina, contudo, os mercados podem estar sofrendo um excesso de euforia.
Ao acompanhar os relatórios de futuros de ações, Calvasina apontou que "os dados estão começando a mostrar que o posicionamento nos futuros de ações dos EUA é parabólico. Eles não estão de volta aos níveis de janeiro ou de setembro do ano passado, mas estão começando a subir muito rapidamente". De acordo com a estrategista do RBC, assim que os contratos futuros atingiram o píco nesses dois meses de 2018, houve um subsequente sell-off do S 500. "Se estamos obtendo apenas um modesto crescimento nos lucros das empresas este ano, o S 500 mereceria, então, somente uma expansão modesta."
O movimento de realização de lucros em Wall Street nesta quarta-feira teve início logo após o futuro do S 500 ultrapassar, por um breve momento, a resistência dos 2.920 pontos e começar a cair, embora o recuo tenha sido moderado. Esse cenário se deu mesmo diante da possibilidade de um crescimento mais acelerado em solo americano no primeiro trimestre. Com o déficit comercial menor do que o previsto em março, bancos revisaram para cima a projeção de expansão anualizada do PIB dos EUA do primeiro trimestre. "Um déficit comercial menor oferecerá mais apoio ao PIB do primeiro trimestre do que as previsões do consenso esperavam. O crescimento deve ser de cerca de 2%", destacou o economista Andre Hollenhorst, do Citi. A consultoria Capital Economics e os bancos Goldman Sachs e JPMorgan foram algumas das instituições que revisaram para cima a expectativa para o PIB dos EUA.
Defensor de que o processo de normalização da política do Fed já acabou, James Bullard, que comanda a distrital de St. Louis, afirmou que a fraqueza econômica nos EUA no início deste ano provavelmente será de curta duração. Posição semelhante foi adotada pelo presidente da unidade da Filadélfia do Fed, Patrick Harker, que, contudo, discordou de Bullard ao dizer que a normalização da política do banco central ainda não chegou ao fim, mesmo com o encerramento da redução do balanço patrimonial programado para setembro. Harker defendeu mais um aumento nos juros este ano e outro em 2020. A visão otimista dos dirigentes vem ao mesmo tempo em que o Livro Bege indica que a atividade se expandiu em ritmo leve a moderado em março e no início de abril nos EUA.
O subíndice de saúde do S 500 despencou 2,89% e apagou todos os ganhos do ano. Apesar de balanços acima do esperado de empresas ligadas ao segmento, quem já começa a dar as caras nos negócios é a eleição presidencial americana de 2020. A proposta de Bernie Sanders e de outros potenciais candidatos democratas de querer expandir o Medicare para todos pressionou os papéis de seguradoras de saúde, como a UnitedHealth, que recuou 1,86% e, no acumulado de abril, tem queda de 12,30%. O Medicare é o sistema de seguro de saúde dos EUA e é destinado a pessoas acima de 65 anos.