Os juros futuros terminaram a sessão regular desta sexta-feira, 12, com alta moderada na ponta longa, a despeito do noticiário intenso, enquanto os curtos fecharam com viés de queda. Os riscos de atraso no cronograma da reforma da Previdência, dada a possibilidade de a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara passar à frente na pauta de votações a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento impositivo; a decisão do presidente Jair Bolsonaro de suspender o reajuste nos preços do óleo diesel aplicado pela Petrobras e os dados fracos do setor de serviços revelados pelo IBGE foram os principais vetores do mercado.
Numa sessão de giro expressivo, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 passou de 6,480% na quinta no ajuste para 6,470% no fim da etapa regular, e a do DI para janeiro de 2021 fechou em 7,14%, de 7,132%. A taxa do DI para janeiro de 2023 subiu de 8,242% para 8,27% e a do DI para janeiro de 2025, de 8,732% para 8,81%.
As taxas começaram o dia já pressionadas pela decisão de Bolsonaro e temores de atraso no andamento na votação do parecer na CCJ, esperado para o dia 17, mas no fim da manhã já estavam perto da estabilidade, na medida em que a queda do dólar no exterior limitava o avanço da moeda por aqui e ancorava, de certa forma, a ponta longa dos juros.
Além da reversão do reajuste do diesel, outra notícia desfavorável, mas que acabou sendo absorvida ao longo do dia, foi a de que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu mais 60 dias para concluir inquérito que investiga o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e seu pai, César Maia. Análise do sistema de propina da Odebrecht indica supostas execuções de pagamento que totalizam R$ 1,4 milhão para codinomes que se referem a eles.
No começo da tarde, porém, o dólar superou R$ 3,90, impondo máximas também aos juros futuros, em reação atribuída à declaração de Bolsonaro admitindo que determinou a suspensão do reajuste de 5,7% no preço do diesel. A pressão, posteriormente, perdeu força. A notícia caiu muito mal no mercado. A leitura é de ingerência política, que vai na contramão da cartilha liberal da equipe econômica que ajudou a eleger Bolsonaro. Apesar das preocupações, a avaliação nas mesas foi de que a pressão sobre as taxas foi modesta. "Tanto o dólar quanto o DI estão muito bem comportados no dia vis a vis os riscos políticos. A grande realidade é que apesar das fichas irem caindo ao longo do tempo o mercado ainda é otimista com Brasil", disse o sócio-gestor da LAIC-HFM, Vitor Carvalho.
Outros profissionais viram o aumento do pessimismo com o PIB como a principal razão a segurar uma deterioração maior do mercado. "Em última instância, a atividade está fraca e, com isso, o viés de juros é para baixo", disse o economista-chefe da Guide Investimentos, João Mauricio Rosal. Nesta sexta o IBGE divulgou queda de 0,4% no volume de serviços prestados em fevereiro ante janeiro, maior do que apontava a mediana das estimativas dos analistas (-0,10%).