A decisão da Petrobras em segurar o reajuste do óleo diesel nas refinarias tem dedo do presidente Jair Bolsonaro. É o que afirmou, nesta sexta-feira (12/4) o vice-presidente Hamilton Mourão, em entrevista à rádio CBN. A decisão do chefe do Palácio do Planalto configura, assim, uma interferência direta do chefe do Palácio do Planalto em uma decisão que é de competência da Petrobras.
O vice tentou minimizar a afirmação e avalia ser um ;fato isolado;, mas a declaração foi suficiente para as ações da Petrobras abrirem em queda de mais de 5% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O mercado é avesso à interferência direta do governo em decisões estratégicas de estatais. O represamento do preço de combustíveis por um presidente da República não é já foi algo praticado pela presidente Dilma Rousseff, quando congelou reajustes da gasolina em um momento em que o preço do barril de petróleo no exterior subia.
Na tarde de quinta-feira (11/4), a Petrobras informou que o valor médio do litro do óleo diesel nas refinarias subiria 5,74%, de R$ 2,1432 para R$ 2,2662, a partir desta sexta (12/4). No entanto, a noite, a Petrobras comunicou haver margem para postergar o aumento. ;Em consonância com sua estratégia para os reajustes dos preços do diesel divulgada em 25 de março, (a estatal) revisitou sua posição de hedge e avaliou, ao longo do dia, com o fechamento do mercado, que há margem para espaçar mais alguns dias o reajuste no diesel;, destacou.
Reforçou especulação
A declaração do vice-presidente só reforçou algumas das especulações mais pessimistas no mercado. Para Mourão, Bolsonaro busca a melhor solução para equacionar o problema. ;Toda decisão tem fatores positivos e negativos. Eu não tenho domínio dos fatos todos que levaram o presidente a tomar essa decisão. Eu não sei quais são as pressões que ele estava sofrendo ou a visão que ele tinha do que poderia acontecer nesse exato momento com esse aumento um pouco maior do diesel e que obviamente o levou a tomar essa decisão;, ponderou.
Na tentativa de atenuar as declarações, manifestou que Bolsonaro buscará uma nova linha de ação e refutou a possibilidade de o governo voltar a repetir as medidas de represamento adotadas no governo de Dilma. ;Tenho absoluta certeza de que ele não vai praticar a mesma política da ex-presidente Dilma Rousseff no tocante à intervenção do preço do combustível e da energia;, destacou.