Jornal Correio Braziliense

Economia

Dólar sobe 0,86% e vai a R$ 3,85 com temor de atraso na reforma da Previdência

O real foi a moeda com pior desempenho ante o dólar nesta quinta-feira, 11, com o aumento da percepção nas mesas de câmbio de que a tramitação da reforma da Previdência pode demorar mais que o esperado e a alta da moeda americana no exterior. Se na quarte-feira declarações da equipe econômica em Nova York ajudaram a melhorar o humor dos investidores, e o dólar caiu a R$ 3,82, nesta quinta os parlamentares azedaram este clima e a moeda subiu 0,86%, para R$ 3,8564. Primeiro foram os partidos do Centrão, que ameaçaram obstruir a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do parecer da admissibilidade da reforma da Previdência, previsto para a próxima quarta-feira (17). O argumento dos partidos é que eles querem votar primeiro na CCJ a PEC do Orçamento impositivo, que voltou para a Câmara depois de sofrer modificações no Senado. Mas a leitura dos analistas políticos é que esta é apenas uma desculpa dos deputados para mostrarem insatisfação com o fato de Jair Bolsonaro não ter indicado um nome dos partidos aliados para o Ministério da Educação, optando pelo economista Abraham Weintraub. No início da tarde foi a vez do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizer em evento com investidores em Nova York que o governo precisa "melhorar o encaminhamento" da reforma. "Para a reforma andar, falta o governo organizar um diálogo com o Parlamento", disse ele. Com isso, o dólar foi na máxima, batendo em R$ 3,86. O diretor de tesouraria de um banco destaca que o mercado passou a embutir nos preços a possibilidade de atrasos na CCJ para depois do feriado da Semana Santa. Após Maia, foi a vez de o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), admitir a possibilidade de que a reforma da Previdência seja aprovada no início do segundo semestre pelo Senado. Para ele, o ideal é que a medida passe até junho em ambas as Casas, mas ele ressaltou que não quer atropelar prazos. Na avaliação do sócio e gestor da Absolute Invest, Roberto Serra, os eventos recentes mostram que, quando a equipe econômica precisa mostrar serviço, a coisa vai bem, como na quarta nos Estados Unidos, mas quando é com os parlamentares, a questão é mais complexa. Como o mercado está muito sensível ao noticiário político, ele destaca que o câmbio deve seguir instável nos próximos dias, oscilando ao sabor das declarações do governo e dos deputados. No exterior, o dólar operou em alta durante todo dia, com a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) acima do previsto. Além disso, os pedidos de auxílio-desemprego atingiram o menor nível desde outubro de 1969. Para o economista-chefe do banco MUFG, Christopher Rupkey, estes indicadores jogam "água fria" nas expectativas de que pode haver corte de juros este ano pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).