O grupo Terra Forte, um dos maiores produtores de café do Brasil, anunciou nessa quarta-feira, 10, que entrou em recuperação judicial. Com uma dívida de R$ 1,05 bilhão, a empresa - do produtor João Faria - tem tido dificuldades para manter as operações do dia a dia por falta de capital de giro. A empresa é reconhecida no mercado internacional e detém participação de 6,5% de todo café nacional exportado.
O grupo tem capacidade para vender ao exterior 2,5 milhões de sacas por ano, segundo o advogado responsável pela recuperação judicial, Alexandre Faro, do escritório Freire Assis Sakamoto Violante Advogados. Segundo ele, em um primeiro momento, o plano é buscar um investidor para injetar cerca de R$ 60 milhões de capital de giro na empresa.
Tempestade
A situação financeira do grupo começou a se deteriorar devido a uma conjunção de fatores. De um lado, a dívida da companhia, atrelada ao dólar por se tratar de contratos de exportação teve um salto com a escalada da cotação da moeda americana.
Por outro lado, o setor vem enfrentando uma sequência de queda nos preços por causa da maior oferta do produto. Segundo Faro, nos últimos anos, o valor da saca da commodity caiu de R$ 550 para algo em torno de R$ 340 ou R$ 350.
O pedido de recuperação judicial do Terra Forte veio em um momento em que o preço de referência do café arábica, no mercado de Nova York, ronda seus menores níveis em 13 anos, com produtores de todo o mundo reclamando que os valores de venda estão abaixo dos custos de produção. "Nesse ambiente, a empresa passou a ter uma estrutura de endividamento que não cabia mais em seu caixa", disse Faro.
Os maiores credores do Terra Forte são o banco Bradesco, com R$ 140 milhões; o Banco do Brasil, com R$ 120 milhões; e o Banco Cargill, com R$ 110 milhões. A exportadora também tem dívidas com tradings (negociadoras de grãos), mas os valores são pulverizados entre várias empresas.
Com sede em São João da Boa Vista (SP) e operações também no Paraná, Minas, Espírito Santo e Bahia, o grupo Terra Forte terá agora 60 dias para apresentar um plano de reestruturação da dívida com seus credores. A empresa não quis comentar sobre o pedido de recuperação judicial./ COM REUTERS
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.