O mercado de câmbio brasileiro operou nesta terça-feira, 9, descolado do exterior e o dólar teve um dia de alta, subindo 0,10%, para R$ 3,8533. Lá fora, a moeda americana caiu ante divisas como o peso mexicano, o peso argentino e o rand da África do Sul. O real acabou ficando com o pior desempenho ante o dólar na economia mundial, em dia marcado aqui por prudência dos investidores por conta da reforma da Previdência, o que acabou reduzindo o volume de negócios.
Pela manhã, a moeda americana chegou a subir em ritmo mais forte, repercutindo declarações na noite de segunda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que não tem mais condições de ser o articulador da reforma e na expectativa pela leitura do parecer da reforma na sessão da Comissão da Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Na máxima, foi a R$ 3,86 no início da tarde. Também contribuiu para o tom de cautela as declarações do deputado Paulinho da Força (SD), que disse após reunião com Jair Bolsonaro que o texto da reforma é "ruim e precisa ser melhorado". Já o PR decidiu manter posição de independência e anunciou que vai apoiar a reforma, com restrições e sem fechar questão.
Na CCJ, a sessão começou às 14h44 com as mesas de câmbio monitorando os discursos acalorados da bancada de oposição e as tentativas de obstrução. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que o presidente Jair Bolsonaro nunca foi favorável à reforma. Em um ato falho, o PSL quase orientou seus parlamentares a votarem pela retirada da pauta da reforma da comissão.
Em Washington, no início de sua reunião de primavera, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou para a necessidade da reforma de Previdência, como uma forma de se melhorar as perspectivas das contas públicas do Brasil. A Moody's foi na mesma direção e voltou a afirmar que a aprovação da reforma contribuiria para a estabilização dos níveis de endividamento do governo.
"Vejo pouca margem para atrasos na reforma da Previdência", afirma o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer, destacando que os investidores estão crescentemente preocupados com o 'timing' de aprovação das medidas e os recentes acontecimentos em Brasília têm dificultado essa visão. Por isso, o ambiente de incertezas em torno da reforma apoia um movimento de fuga do risco. Assim, investidores vendem bolsa e compram dólar, reforçando posições defensivas.
No exterior, o FMI rebaixou a projeção para a economia mundial em 2019 e a ameaça da Casa Branca de sobretaxar o equivalente em US$ 11 bilhões de produtos importados da União Europeia ajudou a enfraquecer o dólar no mercado internacional. "A proposta de tarifas extras de Donald Trump pode reavivar os temores de guerra comercial", destacam os estrategistas do Danske Bank.