Depois de três altas consecutivas, o Índice Bovespa voltou a recuar nesta terça-feira, 9, terminando o dia com perda de 1,11%, aos 96.291,79 pontos. A aversão ao risco no cenário internacional foi o principal fator a incentivar as ordens de venda de ações na B3, mas não o único. Embora a crise política aparentemente tenha se dissipado, persistiu no mercado o desconforto com a percepção de fragilidade na articulação política do governo e no apoio dos partidos à reforma da Previdência. A leitura do parecer da reforma na CCJ, principal expectativa do dia, manteve o clima de cautela por todo o pregão.
O Ibovespa já iniciou o dia em terreno negativo, refletindo os temores de desaceleração da economia mundial. Pesaram as revisões feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na projeção de crescimento global. O Fundo revisou para baixo a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) de diversos países em 2019, entre eles o Brasil (de 2,5% para 2,1%).
Em relação à política doméstica, o clima foi de compasso de espera e cautela, com a expectativa de que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma avance no Congresso e sofra o mínimo possível de desidratação. Um dos motivos da prudência do investidor é a ausência da figura de um grande articulador político em torno da reforma.
Para Daniel Xavier, economista do DMI Group, o consenso no mercado ainda é de que a reforma será aprovada, embora com uma economia inferior ao R$ 1,1 trilhão defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Para ele, o mercado trabalha com um número próximo de R$ 700 bilhões, o que não seria de todo negativo. Ele lembra que a proposta do governo Michel Temer previa corte de R$ 800 bilhões em dez anos.
Na análise por grupos de ações, as quedas mais significativas ficaram com os papéis ligados a commodities metálicas, em reflexo dos temores de desaceleração da economia global. Vale ON caiu 1,95%, Gerdau Metalúrgica PN perdeu 2,12% e CSN ON recuou 2,51%. Com a queda dos preços do petróleo, Petrobras ON e PN terminaram o pregão com baixas de 0,89% e 0,31%, respectivamente.
Além do petróleo, pesaram dúvidas quanto à cessão onerosa, depois que o presidente da Câmara apontou necessidade de uma emenda constitucional para que os recursos dos leilões dos excedentes sejam divididos entre Estados e municípios. A posição diverge do que afirmou Paulo Guedes, para quem a questão não necessita de aprovação no Congresso. O setor financeiro foi outro a influenciar negativamente o Ibovespa. Banco do Brasil ON caiu 1,50% e as units do Santander, 1,58%.