O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o final do governo militar foi "extremamente conturbado" do ponto de vista econômico. Segundo ele, as consequências de crises cambiais desse período são sentidas até hoje. O chefe da equipe econômica do governo falou nesta segunda-feira, 8, no encontro "E Agora Brasil?" para discutir os 100 primeiros dias de Jair Bolsonaro. O evento é realizado pelos jornais Valor e O Globo. Em sua palestra, Guedes fez um breve panorama sobre os últimos 40 anos das políticas econômicas do País. "Há um vilão nesses 40 anos que é o descontrole dos gastos públicos", afirmou.
"É natural após 20 anos de regime militar que houvesse governos sociais democratas. Processo foi uma transição meritória, porém incompleta", disse. Segundo ele, nas últimas décadas havia uma pauta meritória de dar dinheiro para educação e saúde. "Estava na Constituição a descentralização de recursos", disse, lembrando que a concentração precisava ser revertida, "para refletir as verdadeiras aspirações".
"O nível de reserva desejável seria mais baixo se houvesse estudos antes (das crises cambiais)", afirmou. "Tenho artigos escritos à época apoiando o Plano Real", falou sobre o período mais recente.
"Salário indexado hoje, será que queremos? E carimbar recursos de saúde e educação?", questionou o ministro. Ele chegou a citar ainda que, quando o excesso de gastos corrompe a política, acontece impeachment, "à direita e à esquerda". Para ele, o Executivo buscar sustentação parlamentar de forma não republicana desperta o Judiciário. "Estou numa democracia vibrante, acredito no trabalho da mídia, congressistas e justiça", disse. "Votei 30 anos com opções somente sociais democráticas, não tem problema nenhum", disse.
Ainda na palestra, Guedes citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um "social democrata populista" e se corrigiu na sequência: "social democrata chão de fábrica".
Sobre a Nova Previdência, o ministro disse que o governo "gasta muito e mal" e que a aposentadoria "vai engolir tudo". "Previdência é fábrica de privilégios e desigualdade. História de que a reforma da Previdência ataca os pobres não é verdade", disse.
Guedes voltou a afirmar que, sem impacto de R$ 1 trilhão na reforma, não terá capitalização. "Único defeito possível da capitalização é não dar salário mínimo, isso é contornável", disse. "Temos que atacar frontalmente grandes gastos."