Os juros futuros oscilaram praticamente o dia todo nesta sexta-feira, 5, com viés de baixa nas principais taxas, na contramão da pressão, ainda que moderada, vista no câmbio. O comportamento foi influenciado pela melhora nas expectativas para a tramitação da reforma da Previdência, com base num conjunto de sinais que indicam evolução na articulação política do governo para a costura de apoios. O clima ameno no exterior também contribuiu, com a criação de vagas no payroll norte-americano de março pouco acima da mediana das estimativas, mas com alta dos salários abaixo do esperado, sinalizando para uma postura "dovish" do Federal Reserve.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 encerrou em 6,470%, de 6,501% na quinta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 recuou de 7,062% para 7,03%. A taxa do DI para janeiro de 2023 caiu de 8,182% para 8,15% e a do DI janeiro de 2025 fechou em 8,70%, mesmo patamar do ajuste de quinta.
O movimento das taxas foi contido, na ausência de um noticiário mais forte e sem agenda interna relevante, mas de todo modo, num clima confortável para os vendidos em taxas, após as "provações" pelas quais passaram na quarta-feira, com a confusão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Desde então, a percepção é a de que a articulação melhorou com as reuniões do presidente Jair Bolsonaro com presidentes de partido nesta semana, e que vão ter sequência na próxima, e declarações que sinalizam maior aproximação entre Executivo e Legislativo.
"O noticiário político está ajudando. O governo agora parece, enfim, ter adotado uma visão mais pragmática na condução do processo da Previdência. Mas o fechamento das taxas não é expressivo , mais ou menos 4 pontos-base em média. Podia ser mais se o dólar estivesse caindo", disse o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.
A releitura da postura de Guedes na CCJ, que vem sendo feita desde quinta de manhã, continuou exercendo influência no mercado, com profissionais exaltando a firmeza das respostas "técnicas" de Guedes quando questionado sobre a reforma.
Após o episódio na CCJ, o ministro nesta sexta fez uma série de afagos à classe política na palestra que fez em evento com empresários em Campos do Jordão, e, especificamente sobre Bolsonaro, ele ressaltou que ele tem dado apoio e "está mostrando grandeza extraordinária".