Campos do Jordão (SP) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, nesta sexta-feira (5/4), que, se a votação do Congresso fosse secreta, a reforma da Previdência seria aprovada. O economista faz referência à resistência de parlamentares da oposição e das bancadas do Nordeste, que se posicionam contrários à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, mas, segundo o ministro, falam para ele que é "necessária".
"Se o voto fosse secreto, as reformas seriam aprovadas. Prefeitos e governadores do PT falam que precisam. É complicado assumir isso", disse Guedes. O chefe da pasta econômica destacou ainda a importância da articulação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e das lideranças pela viabilidade do texto na Casa. "A diferença entre o presidente da Câmara e de um economista, é que [o economista] só sabe falar. Eu estou absolutamente tranquilo e acho que vamos chegar lá", ressalta Guedes.
A demora na tramitação da reforma, entregue em fevereiro à Casa, segundo o ministro, é devido às pontes políticas do Planalto que ainda não estão consolidadas no Congresso. Guedes afirmou que o presidente Jair Bolsonaro está no poder há apenas três meses e, por isso, é preciso paciência por parte da sociedade. Ele comentou ainda o episódio que viveu na última quarta-feira (3/4), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), quando foi chamado de "tchutchuca" e "tigrão": "Tem um processo muito maior acontecendo", disse, em relação à tramitação do projeto.
Alcolumbre pede mais engajamento
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), no entanto, pediu de Bolsonaro mais engajamento na articulação pela reforma. O senador informou que tem conversado com os parlamentares e um pedido comum entre eles é que o presidente lidere esse processo e mantenha um canal de diálogo aberto. Na última quinta-feira (4/4), o chefe do Planalto deu início às conversas com os presidentes dos partidos e dará continuidade na semana que vem, com lideranças.
"Tenho me colocado como o politico do diálogo. Tenho conversado com senadores que era fundamental que Bolsonaro liderasse este processo [de articulação]. Nós estamos com disposição, temos coragem para o debate, mas Bolsonaro precisava liberar este diálogo como presidente do pais", disse Alcolumbre. O pedido foi reforçado pelo senador, uma vez que, no fim do mês de março, Maia e o presidente protagonizaram bate-bocas intensos em que o deputado fluminense cobrou o chefe de Estado para coordenar o processo.
"Eu acho que muitos dos desencontros que aconteceram nos últimos meses foi a falta deste encontro [com presidentes dos partidos e parlamentares]. Ele precisa ouvir as lideranças politicas, os presidentes dos partidos. Se trata de ouvir a boa política, e não a nova ou velha", pontuou.