Depois de acumular valorização superior a 4,5%, em três altas consecutivas, o Índice Bovespa cedeu à realização de lucros e fechou em baixa de 0,70%, aos 95.386,76 pontos. O desempenho mais fraco das bolsas de Nova York e alguns ruídos em torno da reforma da Previdência foram os gatilhos para a correção de preços. O volume de negócios somou R$ 11,6 bilhões, abaixo da média das últimas semanas, o que reforça a tese de uma realização de lucros moderada.
Embora o pregão tenha sido considerado relativamente tranquilo, causou desconforto a sinalização de que a reforma da Previdência já estaria, precocemente, em processo de desidratação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara. No início da tarde, o secretário de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, admitiu que o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a aposentadoria rural poderiam ser suprimidos do projeto de reforma. Ele afirmou que, até aquele momento, 13 partidos haviam se posicionado contra mudanças nestes dois itens.
O mal estar foi reduzido à tarde, quando o relator da matéria na CCJ, Marcelo Freitas (PSL-MG), garantiu que o BPC e a aposentadoria rural seriam mantidos no relatório da comissão. Ao final da tarde, líderes partidários já mostravam concordar que alterações no texto ficariam apenas para a comissão especial, segunda fase da tramitação da PEC.
Na mínima do dia, o Ibovespa chegou a marcar 94.824,93 pontos (-1,28%). A desaceleração mais forte veio nos minutos finais de negociação, com a virada forte das ações da Petrobras. Os papéis reagiram a especulações em torno da possível conclusão do acordo sobre os excedentes da cessão onerosa. Com isso, Petrobras ON e PN, que oscilavam em terreno negativo, terminaram o pregão com ganhos de 0,42% e 1,04%, respectivamente.
Já as quedas mais significativas do dia ficaram com as ações de mineração e siderurgia, justamente as que mais haviam subido no pregão de segunda, sintonizadas com os preços do minério de ferro. Nesta terça a alta da commodity se repetiu, por conta de dificuldades da Rio Tinto, e não teve reflexo sobre os papéis por aqui. Ao final do pregão, Vale ON teve queda de 1,84% e Usiminas PNA perdeu 5,09%.
"Basicamente, os investidores estiveram sem apetite muito grande por risco, em meio à continuidade das especulações sobre a Previdência", disse Vitor Miziara, analista da Criteria Investimentos, sobre a cautela do investidor ao longo de todo o dia.