O esgoto corre a céu aberto na porta da casa de Maria de Fátima Firmo Ferreira, tia da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Na casa simples, localizada em uma área mais afastada da favela do Sol Nascente, Fátima vive com a mãe, Maria das Graças, avó de Michelle.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, por telefone, a tia de Michelle disse que não tem nenhuma previsão sobre quando a rede de coleta e tratamento de esgoto chegará até sua casa e de seus vizinhos. "A rede de esgoto nossa vai demorar", disse Fátima. "Aqui, vai demorar é muito. No Sol Nascente, muita gente precisa disso."
Sol Nascente, uma favela que cresceu e se desmembrou de Ceilândia, disputa hoje com a Rocinha, do Rio de Janeiro, o título de maior favela do Brasil. Em suas ruas de terra e restos de asfalto, mais de 93% dos moradores vivem em terrenos irregulares. A coleta de lixo e o transporte público regular não chegam a boa parte da região.
Gradual
O governo do Distrito Federal diz que as redes de abastecimento e tratamento do Sol Nascente "estão sendo construídas em etapas", mas adianta que, mesmo depois do trabalho concluído, elas não atenderão a todos. "Edificações junto às nascentes, em áreas de preservação permanente e em 'borda de chapada' não foram incluídas no licenciamento ambiental dessas obras."
A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), controlada pelo governo distrital, declarou que as redes são implantadas "de forma gradual", acompanhando os trabalhos de "reorganização urbanística" do Sol Nascente.
A meta é que, até o fim de 2019, sejam feitas 3,4 mil ligações, com investimento de R$ 24,5 milhões nas obras.
A reportagem questionou o governo sobre quais medidas estão sendo adotadas para evitar a contaminação dos moradores. A Caesb afirmou que a construção das estruturas é importante, mas que, "enquanto essas redes não são implantadas, cabe aos moradores manter as fossas sépticas existentes em boas condições de funcionamento". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.