Jornal Correio Braziliense

Economia

Ibovespa fecha em alta de 2,70% com sinais de trégua na crise política

A promessa de reconciliação entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia deu impulso para uma alta expressiva do Índice Bovespa nesta quinta-feira, 28, corrigindo parte das perdas dos últimos dias. Depois de uma abertura levemente negativa, o índice assumiu movimento progressivo de valorização e terminou o pregão aos 94.388,94 pontos, em alta de 2,70%. Os negócios somaram R$ 16,6 bilhões. Na avaliação de analistas, a bandeira branca acenada entre Executivo e Legislativo trouxe algum alívio na percepção de crise política, mas está longe de reativar no mercado o otimismo que havia levado o Ibovespa a testar os 100 mil pontos. Por isso, a alta foi considerada essencialmente técnica, com investidores em busca de oportunidades de compra para ganhos de curto prazo. Ao longo do dia, foram diversas as ações para sinalizar o abrandamento da crise política e a evolução da reforma da Previdência. A última foi o anúncio do deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) como relator da PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro havia dito que os desentendimentos entre ele e o presidente da Câmara foram "chuva de verão" e que o céu já estava "lindo". Já Rodrigo Maia (DEM-RJ) selou a paz em um encontro com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e depois almoçou com Paulo Guedes (Economia), com quem conversou sobre o início do debate da PEC da Previdência. As altas das ações foram generalizadas no Ibovespa, que nos melhores momentos do dia chegou a subir 3,21%. Dos 65 papéis que compõem a carteira teórica, somente três fecharam em baixa. Os ganhos mais representativos ficaram com as blue chips do setor financeiro, tendo entre os destaques Bradesco PN (+5,08%) e Itaú Unibanco PN (+3,96%). Papéis do "Kit Brasil" também se sobressaíram: Banco do Brasil ON subiu 3,49%, Eletrobras ON avançou 7,13% e Petrobras PN teve ganho de 2,63%. "O mercado de ações tem vivido um momento de polaridade, com altas e baixas expressivas em meio ao tiroteio político. Assim, o alívio na crise política nesta quinta favoreceu ajustes técnicos, depois de um pregão bastante tenso na quarta-feira", disse Renan Sujii, estrategista da GS Research. Para Sujii, o mercado provavelmente antecipou cedo demais a tramitação da reforma da Previdência quando levou o Ibovespa rapidamente aos 100 mil pontos, sem que houvesse fato concreto que indicasse uma tramitação sem sobressaltos. "O mercado considerou a tese do 'no news, good news', mas na verdade a falta de notícias indicava falta de articulação", afirmou o profissional. Para ele, dificilmente o mercado levará o Ibovespa de volta aos 100 mil pontos sem que haja fatores concretos que indiquem a evolução do trâmite legislativo.