Jornal Correio Braziliense

Economia

Juros futuros caem com correção após alívio nas tensões políticas

Uma série de ações do governo para tentar conter os efeitos da aprovação da PEC do Orçamento Impositivo na Câmara e apaziguar a relação com o Congresso abriu espaço para uma forte queda das taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) na sessão desta quinta-feira, 28, que praticamente devolveram os prêmios acumulados na quarta. As taxas até abriram pressionadas e chegaram a subir mais de 20 pontos-base, dando sequência à escalada de quarta-feira, mas recuaram ainda pela manhã, em linha com a perda de força do dólar e arrefecimento das tensões políticas. Segundo operadores, apesar dos temores em relação ao andamento da reforma da Previdência, houve exagero no acúmulo de prêmios e havia amplo espaço para uma correção. A janela para que o mercado promovesse ajustes foi aberta, ainda pela manhã, pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, que classificou os atritos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de "chuva de verão" e disse que o assunto era "página virada". No início da tarde, Maia e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que almoçaram juntos, fizeram declarações em tom apaziguador. Guedes garantiu presença na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na próxima semana e disse que "tem recebido muito" apoio de Maia, o que o leva a crer que "a reforma vai deslanchar". O pacote de ações de contenção de crise teve como capítulo final a escolha do relator da Previdência na CCJ. No meio da tarde, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, reuniu-se com o presidente da CCJ, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), e disse que o nome do relator estava prestes a sair. E foi o que aconteceu. No fim da tarde, Francischini anunciou o delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) como relator. O líder do governo da Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), disse que é possível votar a admissibilidade do projeto de Previdência na CCJ no dia 17 de abril. Para o gestor de recursos Paulo Petrassi, era de se esperar que um sinal de distensão nas relações entre o governo e o Congresso abrisse espaço para uma correção. Ele ressalta, contudo, que, apesar do alívio hoje, ainda há muita preocupação com o andamento da reforma da Previdência."O cenário deve ficar volátil daqui para frente, porque ainda vai haver muito atrito na negociação da Previdência", afirma. Aos sinais de trégua política somou-se a ação do Tesouro Nacional, que contribuiu para tirar pressão das taxas, ao reduzir de forma expressiva a oferta de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F) em leilão. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 6,495%, ante 6,566% no ajuste de quarta, e a taxa do DI para janeiro de 2021 caiu para 7,11%, de 7,272%. Entre os contratos intermediários e longos, o DI para janeiro de 2023 terminou em 8,22% ante 8,472%% no ajuste anterior, e a do DI janeiro 2025 caiu de 9,052% para 8,74%. Com as atenções voltadas para a questão política, o Relatório Trimestral de Inflação ficou em segundo plano, até porque tanto o documento quanto as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apenas reiteraram a mensagem de continuidade na estratégia de política monetária.