Jornal Correio Braziliense

Economia

Dólar vai a R$ 4 e cede com investidor dosando crise política nos preços

O dólar abriu, nesta quinta-feira, 28, pressionado diante do cenário político conturbado e da estagnação da reforma da Previdência. A cotação da moeda americana chegou a superar os R$ 4 logo na abertura dos negócios, mas cerca de 20 minutos depois marcava mínimas ainda em alta. No mercado futuro, depois de abrir praticamente estável (-0,02%), o contrato para abril da moeda americana acelerou a alta, também superou os R$ 4, contudo, voltou a exibir sinal negativo e firmou-se em queda. Segundo dois operadores de câmbio, ao marcar R$ 4, a cotação "chamou vendedores". Um deles afirmou que, por conta do otimismo com o novo governo e a execução da reforma da Previdência, muitos agentes estavam comprados em dólar. "Quando a moeda chegou nesse patamar, valeu a pena ir a mercado vender", disse o profissional. Também afeta os negócios hoje a formação da Ptax de fim de mês e de trimestre amanhã. A desaceleração da alta no segmento à vista e a queda no futuro decorrem da tentativa do mercado de "dosar a situação de crise política", segundo um analista. "A meu ver, o leilão de linha que puxaria o dólar para baixo não está fazendo preço", diz esse profissional, referindo-se à oferta de até US$ 1 bilhão pelo Banco Central (BC) numa operação marcada para 12h15. Para outro analista, o montante oferecido pelo BC é pouco diante do estresse visto ontem durante e depois do funcionamento do mercado. Diferentemente desses dois agentes do mercado de câmbio, um economista entende que a decisão do BC de ofertar "dinheiro novo" em linha ajudou na desvalorização do dólar ante o real, descolando o mercado doméstico do global nesta manhã. Às 11h09, o dólar à vista subia 0,13%, aos R$ 3,9593. Na máxima, marcou R$ 4,0171. Na mínima, foi aos R$ 3,9513. O contrato para abril caía 0,85%, aos R$ 3,9590. Na máxima, foi aos R$ 4,0175. Na mínima, marcou R$ 3,951. O dólar spot e o contrato futuro têm sinais díspares mas cotações muito próximas por causa da proximidade do vencimento do contrato futuro amanhã. Por terem bases de comparação diferentes (a sessão no mercado à vista encerra-se antes da negociação do mercado futuro), as variações nos preços podem se contradizer, ainda que os valores em reais sejam muito parecidos. Da agenda econômica, a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) ficou em segundo plano ao confirmar as diretrizes já divulgadas do Banco Central (BC). No exterior, foi divulgado o PIB dos Estados Unidos, com crescimento à taxa anualizada de 2,2% no quarto trimestre de 2018, conforme previsto. Em resposta, os índices futuros de Nova York acentuaram a queda em uma manhã de volatilidade. O dólar segue em alta perante a maioria das moedas emergentes e desenvolvidas. Perto do horário acima, o Dollar Index subi a 0,48%.