Jornal Correio Braziliense

Economia

'Estou mais para Brumadinho do que para Itaipu', diz Guedes na CAE

Após clima tenso ao longo de audiência pública na CAE, do Senado, ministro tenta mostrar humildade e tenta descontrair parlamentares

Depois de mais de quatro horas de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao reforçar o apelo para um apoio dos parlamentares à reforma da Previdência, ele baixou o tom e tentou demonstrar humildade após alguns entreveros com os parlamentares e tentou eliminar o rótulo de super ministro.

[SAIBAMAIS];Eu não sou superministro. Estou mais para Brumadinho do que para Itaipu;, disse ele, aos senadores, nesta quarta-feira (27/03), em um tom mais descontraído do que no início das perguntas dos senadores. Ele ainda lembrou que os ministros costumam pedir mais do que os estados, em referência aos R$ 1,9 bilhão de compensações anuais referentes à isenção fiscal sobre as exportações previstas na Lei Kandir, tem da audiência na CAE. Segundo ele, há 21 ministros contra um e ;todo dia tem ministro pedindo mais do que os governadores;.

Crise

De acordo com Guedes, sem a reforma da Previdência, a economia vai mergulhar em uma nova recessão. ;O país vai entrar em uma crise financeira dramática se o país não aprovar a reforma;, disse ele, acrescentando que tem evitado ir para fora do país, porque ele quer atrair capital financeiro comprometido ;com o desenvolvido do país no longo prazo;.

;Com a reforma, vamos entrar em um ciclo longo de 10 anos de crescimento e não só com a reforma da Previdência;, afirmou ele, acrescentando que é preciso que, para isso, seja aprovada a reforma mais ousada, do jeito que está, com o novo sistema de capitalização. ;Se o Congresso aprovar uma reforma pequena, sem a capitalização será uma reforma ;a la Temer;;, criticou. ;Se aprovar uma reforma menor, de R$ 600 bilhões a R$ 700 bilhões (de economia em 10 anos), foi feita a reforma. Mas se aprovar a de R$ 1 trilhão, é um novo regime;, afirmou ele, acrescentando que, com essa mudança, o trabalhador vai se beneficiar desse juro composto que estraçalhou as contas de estados, de municípios e da União. ;Tem tempo para desenhar o futuro, mas não tem tempo para salvar o que está aí;, afirmou.

O ministro ainda fez questão de afirmar que não é possível ter bom coração, em referência à assistência social, sem quebrar as contas, deixando a Previdência do jeito que está. ;Quer ter coração grande? Tem que ser eficiente. A fraternidade exige eficiência;, destacou ele, em resposta ao senador Rogério Carvalho (PT-SE). ;Vc tem um sistema de seguridade que está aí há muitos anos. É solidário, muito fraterno e ele quebrou. Aliás, ele não é tão fraterno. Tem gente que pode se aposentar ganhando 20 vezes;, afirmou..

Guedes rebateu as críticas ao sistema de aposentadoria do Chile. ;Não adianta dizer que não deu certo É papo furado;, bradou ele, lembrando que a renda per capita do Chile é maior do que a do Brasil e o Produto Interno Bruto (PIB) chileno cresce mais do que o brasileiro, com uma carga tributária de 20%. No Brasil, essa taxa é 36%. ;Quer fazer fraternidade? Vai ter que aumentar imposto;, disse. Ele ainda afirmou que que, para continuar mantendo o sistema atual, seria preciso aumentar a carga tributária em mais 16%.