Os mercados acionários americanos encerraram o pregão desta terça-feira, 26, em alta à medida que os investidores minimizaram a inversão da curva de rendimentos dos Treasuries de curtíssimo prazo (três meses) e de longo prazo (dez anos), a qual, historicamente, costuma indicar momentos de recessão econômica nos Estados Unidos à frente. Os agentes também se atentaram a notícias relacionadas à disputa travada entre a Apple e a Qualcomm, que penalizaram os papéis da fabricante de iPhones, o que minou uma alta mais expressiva das bolsas em Nova York.
Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,55%, cotado a 25.657,74 pontos, enquanto o S 500 subiu 0,72%, para 2.818,46 pontos. Já o índice eletrônico Nasdaq avançou 0,71%, para 7.691,52 pontos.
As bolsas nova-iorquinas continuaram monitorando os desenvolvimento da curva de juros dos Treasuries, que, na última sexta-feira, viu o spread entre o retorno da T-note de dez anos e o juro da T-bill de três meses se tornar negativo pela primeira vez desde 2007. No entanto, tanto analistas quanto dirigentes do Fed minimizaram os riscos de recessão em solo americano e continuaram a pregar que o momento da economia dos EUA se mantém positivo. O estudo que vincula a curva de juros a recessões partiu da distrital de San Francisco do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), mas até mesmo a presidente do banco, Mary Daly, minimizou a questão.
Em discurso no Commonwealth Club, na Califórnia, a dirigente afirmou que a inversão da curva de juros de três meses e dez anos pode não ter o mesmo alerta de contração na economia americana desta vez e ressaltou que não está "desesperada" após o spread entre as duas taxas se tornar negativo. Daly disse, ainda, que projeta um crescimento ao redor de 2% nos EUA este ano e afirmou que é necessário "trabalhar para gerar uma inflação de 2%", tendo em vista que as expectativas de inflação diminuíram e que a credibilidade contínua do Fed com consumidores e empresas "depende disso".
O estrategista-chefe de mercados da Canaccord Genuity, Tony Dwyer, lembrou que, apesar da inversão da curva ser um importante medidor da saúde da economia americana, "ela também é, historicamente, um melhor sinal de compra de ações no curto prazo antes de apontar para um momento em que os investidores necessariamente devem se tornar defensivos". De acordo com Dwyer, é prematuro entrar em pânico após a inversão da curva, principalmente tendo em vista que outros indicadores de recessão ainda não emitiram alarmes e, por isso, mais sinais de problema deveriam ser esperados no mercado de crédito antes de ações defensivas serem tomadas. Ações de bancos, que recuaram fortemente nos últimos dois pregões, se recuperaram: Goldman Sachs subiu 1,16% e Citigroup teve ganho de 1,48%.
As palavras de Dwyer caíram como uma luva para os investidores, que, de fato, optaram pelo "risk on" nesta terça-feira, embora a alta de 1% vista nos momentos inicias do pregão em Wall Street tenham perdido força ao longo do dia. Parte dessas perdas veio da Apple, que continua a enfrentar os desdobramentos da briga de patentes travada com a Qualcomm. A juíza MaryJoan McNamara, da Comissão de Comércio Internacional (ITC) recomendou a proibição da importação de alguns modelos de iPhone nos EUA por infração às patentes da Qualcomm. As ações da Apple, que vinham em alta expressiva, passaram a cair logo após o anúncio e fecharam em queda de 1,03%, enquanto as da Qualcomm fecharam com ganho de 2,40%.
Dessa vez, nem mesmo a minimização dos riscos relacionados à desaceleração da economia americana fez com que os papéis de gigantes de tecnologia se mantivessem em alta. Netflix (-1,71%), Alphabet (-0,63%) e Spotify (-3,27%) foram algumas das ações mais penalizadas do dia entre as techs.