Jornal Correio Braziliense

Economia

Diferença entre salários de funcionários públicos e privados cresce no país

Pesquisa aponta que salário público é 87% maior do que o privado. Em 2007, a diferença era de 72%

O servidor público continua ganhando mais do que o privado. Uma pesquisa divulgada pela Consultoria IDados mostra que o salário público é 87% maior. Essa média aumentou desde a última década. Em 2007, a diferença era de 72%.

A pesquisa estudou dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) entre 2007 e 2017, analisando salários médios e os conectando com níveis de escolaridade. Segundo a pesquisadora responsável, Thais Barcellos, durante esses 10 anos, ambos os trabalhadores tiveram aumento salarial, mas a média do salário público aumentou 30% (de R$ 3.278,40 para R$ 4.253,76), e a do privado 21% (de R$ 1.899,69 para R$ 2.306,71).

Em relação aos níveis de escolaridade, um funcionário público com apenas ensino fundamental ganha mais o que um privado com ensino fundamental, médio e superior. Ao cruzar o aumento salarial com esses níveis, a pesquisadora concluiu que funcionários do setor público ganham mais. "O setor público está ganhando cada vez mais. Em todos os níveis de ensino analisados, o trabalhador público ganhou mais do que o privado", relatou.

Para a pesquisadora, os maiores salários do setor público são devido à exigência de maior escolaridade para seleção de concursos e ao piso salarial, o qual é bem mais alto do que o setor privado. "Ele tem um filtro para trabalhar e o piso salarial e já ingressa na carreira ganhando um salário mais alto", explicou. Da mesma forma, em geral, o trabalho público não reflete na produtividade, o que facilita para manter o salário.

Segundo o economista Gil Castelo Branco, essa defasagem se acentuou a partir de 2014, no momento em que o país entrou em recessão. Nessa época, os servidores públicos conseguiram ganho salarial e os trabalhadores privados tiveram dificuldade em manter o emprego. "Essa fase foi marcada por muito desemprego, então, as pessoas estavam aceitando salários menores para ter alguma renda, enquanto os servidores públicos conseguiam repor as suas perdas", explicou.

Para o economista, a tendência agora é que o salário público fique mais equipado e os privados aumentem. "A tendência é que se aproximem, pelo fato de o governo conter despesas com pessoal e de haver um possível crescimento econômico acentuado, que irá favorecer o setor privado", destacou.

* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca