São Paulo ; Durante mais de duas décadas, a canadense CorelDraw reinou como o principal programa de criação de design gráfico do mundo. Mas sua decisão de priorizar lançamentos e atualizações apenas para o Windows levou a empresa a perder espaço para a principal concorrente, a Adobe. A partir deste mês, no entanto, a Corel vai corrigir sua rota.
Pela primeira vez desde 2001, serão lançadas versões tanto para Windows quanto para Mac, da Apple. ;A decisão faz parte de uma política de expansão em mercados verticais que levou recentemente a empresa a adquirir o controle acionário da Parallels, companhia de software com forte proeminência no universo Apple;, diz o executivo Fernando Soares, responsável pela estratégia de produtos no mercado brasileiro.
Na prática, além de atender às demandas das máquinas Apple, o novo CorelDraw trará ferramentas mais inteligentes, voltadas à criação digital de fotógrafos, publicitários e editores. Uma das principais mudanças será o CorelDraw.app, aplicativo que leva os programas à nuvem e dá ao usuário a facilidade de utilizar o sistema em qualquer lugar.
Segundo o executivo, a decisão de voltar ao mercado Apple faz parte de uma política de expansão da marca, mas não só isso. ;É nossa resposta à pressão comunitária;, explica. ;Há uma quantidade notável de usuários de PC que migrou nos últimos anos para Mac, e é dessa comunidade que tem chegado um volume expressivo de pedidos para ter o CorelDraw no MacOS.;
Entrevista / Fernando Soares ; responsável pela operação de produtos Corel para o Brasil
;Os momentos conturbados levaram o mercado a se retrair;
O executivo Fernando Soares, de 40 anos, comanda a operação de produtos da Corel para o Brasil. Apaixonado por tecnologia e rock n; roll, cursou MBA em marketing digital pela ESPM. Dedicou-se durante anos à indústria gráfica e nela especializou-se nos mais diferentes postos do setor. Trabalha desde 1998 na Corel Corporation. Confira sua entrevista.
O que muda com o novo CorelDraw?
Muita coisa. Falando em ferramentas, pontuar o avanço mais legal entre as novidades dessa edição do CorelDraw é não só difícil como também vai do gosto de cada usuário. Alguns vão apontar a ferramenta de efeitos não destrutivos, que permite pegar uma imagem e aplicar todo o tipo de efeitos e modificações sobre ela, mas sem que o objeto original seja afetado. Só quem já perdeu uma imagem trabalhada por horas ao testar uma mudança sabe o quanto isso significa em termos de produtividade e de paz de espírito.
As mudanças foram feitas por pressão dos usuários?
Foi principalmente para atender às demandas dos usuários, se colocar no lugar deles e entender o que está faltando. Embora, por vezes, antecipemos soluções para questões que o consumidor ainda nem sabe que existem, é bom também estar ao lado dele para os problemas mais cotidianos.
Mas há grande concorrência nessa área...
No mercado de software para design e artes gráficas, posso dizer duas coisas: dá para prever bons embates e há, porém, espaços que fazem parte da lógica de cada fabricante. Vou dar um exemplo da história da Corel. Entre o fim dos anos de 1980 e meados dos de 1990, nós entramos e nos consolidamos no mercado de software para ilustrações vetoriais no ambiente Windows e, por mais que outras ferramentas estivessem disponíveis, consolidamos uma legião de usuários. Por outro lado, outras ferramentas se estabeleceram, principalmente no segmento Apple. Não tenho bola de cristal, mas hoje estamos entrando no mercado Mac com nossos produtos redesenhados e redesenvolvidos para essa plataforma.
As mudanças da Corel surgem para atender à digitalização da comunicação?
O novo momento de comunicação e a força das redes sociais fizeram com que um novo perfil de usuários adotasse ferramentas gráficas. O CorelDraw sempre se posicionou como uma ferramenta fácil de usar, que atende a profissionais gráficos, mas agora traz ferramentas e conteúdos ideais para quem precisa se comunicar visualmente, mas não é especialista em software desse segmento.
A crise afetou os planos da empresa?
Posso falar apenas em relação ao Brasil. Os momentos conturbados na economia e na política levaram o mercado a se retrair. Isso, naturalmente, nos afetou. Durante dois ou três anos, o crescimento não foi tão vigoroso quanto gostaríamos. Foi um período com usuários corporativos e finais postergando compras e deixando projetos de maior envergadura para o futuro. Mas o cenário felizmente vem mudando e, desde a metade de 2018, a busca por nossos produtos cresceu em todos os canais de vendas e em todas as modalidades comerciais que praticamos no Brasil.