Jornal Correio Braziliense

Economia

Dólar tem a maior queda percentual desde fevereiro e fecha em R$ 3,85

A moeda chegou a R$ 3,93 no começo da sessão desta segunda-feira. No entanto, alguns fatores como a sinalização de pacificação entre o Executivo e o Legislativo contribuíram de forma importante para a melhora do mercado

O mercado de câmbio teve uma breve trégua nesta segunda-feira (25/3) após o aumento do dólar na última semana. Depois fechar em alta de 2,69%, na última sexta-feira, 22, o dólar comercial recuou hoje e teve baixa de 1,15%, cotado a R$ 3,8562 na venda. Foi a maior queda porcentual desde 12 de fevereiro, quando recuou 1,33%.

A moeda chegou a R$ 3,93 no começo da sessão desta segunda-feira. No entanto, alguns fatores como a sinalização de pacificação entre o Executivo e o Legislativo contribuíram de forma importante para a melhora do mercado. O economista da BlueMetrix Ativos, Renan Silva, explica que a dólar está em compasso com a bolsa.

;Hoje com o mercado um pouco mais calmo, você vê uma pequena reentrada de investidores comprando o real;. Apesar de estar próximo de R$ 4,00, o especialista acha pequena a possibilidade da moeda chegar neste valor. ;Eu não acredito que isso vá acontecer. No entanto, uma resistência do Congresso em relação ao texto da previdência pode levar o dólar à este valor ;, analisa.

Ibovespa tem leve queda

Após as notícias de impasses com a articulação da reforma da previdência no último final de semana e a sinalização de reaproximação do governo com o Congresso, a volatilidade marcou a Bolsa de Valores nesta segunda (25/3). O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), ensaiou uma recuperação no final do pregão, mas encerrou o dia com leves perdas de 0.08%, aos 93.662 pontos.

A reforma da Previdência continua sendo uma das principais influências nas alterações do mercado da Bolsa. A reunião do presidente da República, Jair Bolsonaro, com alguns ministros e a recomendação de "pacificação" com o Congresso acalmaram os ânimos do cenário. Além disso, as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou que não há turbulências no processo político da reforma, também ajudaram.

O economista Renan Silva definiu a movimentação do mercado como ;atípica;, já que na primeira fase do pregão, até às 14h, teve um movimenta lateral, sem definição de tendências. ;O acirramento desses impasses criaram uma espécie de desmotivação para os investidores;, explica. No entanto, perto do final do pregão, foi possível ver uma reação do mercado.

Eduardo Velho, sócio-executivo e economista chefe da Go Associados, explica havia espaço para um ajuste hoje, já que na última sexta-feira (22/3), o Ibovespa fechou com uma grande queda. ;Deu uma atenuada e estabilizada, mas o governo vai ter que melhorar essa comunicação. Se continuar com essa articulação ruim, pode prejudicar muito o mercado;, ressalta.

Expectativa

Para o economista, a expectativa quanto a aprovação da reforma ainda é positiva. ;Se o mercado estivesse pessimista, a bolsa estaria abaixo de 90 mil pontos;, diz. Eduardo acredita que o início da tramitação dá a ideia de progresso, mas ressalta que por viver um momento delicado, é preciso ver na prática o avanço. ;Tem que ser visto o aumento da base de apoio da reforma, as sessões da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) acontecendo e a escolha do relator;, afirma.

Como não está claro para os investidores que o governo tem um terreno tranquilo para a aprovação da reforma, Renan Silva prevê o tom cauteloso para a semana. ;Me parece que o mercado deve seguir nessa linha, de cautela e de baixa motivação dos investidores. Não está sinalizado claramente que se tem um terreno tranquilo, logo, teremos um mercado um pouco mais lateral;, completa.