Jornal Correio Braziliense

Economia

Dólar tem maior queda porcentual desde 12 de fevereiro e fecha em R$ 3,85

O mercado de câmbio teve um dia de trégua nesta segunda-feira, 25, após o dólar disparar na semana passada, saindo da mínima durante a quarta-feira (20), de R$ 3,73, para a casa dos R$ 3,93 no começo da sessão desta segunda-feira. O exterior mais calmo ajudou, com dólar em queda lá fora, mas a sinalização do governo de que os ruídos com o Congresso devem ser apaziguados e o diálogo entre o Planalto e o Legislativo deve ser retomado também contribuiu de forma importante para a melhora do mercado. O real foi a segunda divisa que mais ganhou valor nesta segunda ante o dólar, atrás apenas da lira turca, que recuperou terreno após ter caído mais de 6% na sexta-feira por questões geopolíticas. O dólar à vista fechou em queda de 1,16%, a R$ 3,8562. Foi a maior queda porcentual desde 12 de fevereiro, quando recuou 1,33%. A abertura do mercado deu mostras de que o clima de estresse visto na quinta e na sexta-feira da semana passada iria continuar e o dólar chegou a bater em R$ 3,93. Mas após o final de uma reunião entre o presidente Jair Bolsonaro e seus ministros, incluindo o da Economia, Paulo Guedes, as cotações passaram a cair em ritmo mais forte. O Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que o presidente pediu "foco na Previdência" e "pacificação no Congresso". Na parte da tarde, Guedes reforçou em evento a visão de que acredita na aprovação da Previdência e disse acreditar que "em três ou quatro meses" espera estar com a reforma resolvida. O ministro afirmou que a reforma interessa a todos e, se for feita, vai sobrar recursos para Estados e municípios. Caso não seja aprovada, os funcionários públicos ficarão sem salários. Guedes falou na mesma hora em que saiu a notícia de liberação do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco, que acabou tendo impacto limitado nas cotações. "A fervura esfriou", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. Ele ressalta que o mercado começou a ficar preocupado com os rumos da Previdência, principalmente com sua desidratação, em meio aos vários ruídos produzidos pelo uso das redes sociais pelo governo para se comunicar com o Congresso, sobretudo durante a troca de farpas no final de semana entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e Bolsonaro. "Hoje (segunda) o clima melhorou", disse ele, destacando que essas informações complicam a previsão de quando a Previdência pode ser aprovada, sobretudo dos investidores estrangeiros. No exterior, a moeda americana caiu perante algumas divisas fortes, como o euro, e ante a maioria dos emergentes, em meio ao temor de piora da economia global. O HSBC rebaixou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial este ano de 2,6% para 2,4% e alertou para uma perspectiva de crescimento que vem ficando "crescentemente turva". O banco também rebaixou a estimativa para o PIB brasileiro e vê o dólar não muito diferente do patamar atual ao longo do ano, ficando em R$ 3,85 no segundo trimestre, R$ 3,87 no terceiro e R$ 3,90 nos três últimos meses de 2019.