A piora do ambiente político fez com que o presidente da Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ), Felipe Francischini, adiasse a escolha do relator. "Precisamos aprofundar o debate jurídico sobre alguns pontos do projeto e precisamos melhorar a interlocução do governo com o Congresso", disse ele. Para ele, é preciso esperar uma melhora nesse ambiente político para que haja menos embate no colegiado. Ele também espera que o governo passe a atuar com mais ênfase na consolidação da base na Câmara, para avançar. "Se governo não entrou ainda de corpo e alma na defesa da reforma, por que a gente teria que arcar com essa relatoria?", afirmou.
Ele espera que Bolsonaro coloque sua equipe política para agir. "Acredito que todos os atores deste processo têm que entender suas responsabilidades neste processo", disse. "A reforma é muito importante para o País e não podemos ter erros individuais neste momento", disse. "Para tudo andar aqui no Congresso, é preciso ter uma boa relação entre os poderes", afirmou.
Francischini não soube dizer se o clima poderá atrasar a tramitação da reforma. "Não há como dizer se vai atrasar ou não a tramitação por causa desse ambiente político", disse. "Eu tenho certeza a partir do almoço que tive hoje (sexta) com Onyx (Lorenzoni, ministro da Casa Civil), que os esforços serão grandes para a montagem dessa base do governo e espero que com isso possamos estar em um ambiente melhor para indicar o relator. Onyx concordou e achou melhor", disse.
No almoço também estavam presentes a vice-presidente da CCJ, Bia Kicis (PSL-DF), e a o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO). "Saímos consensuados sobre a necessidade da melhora do ambiente político", disse.
O presidente da CCJ reafirmou que está mantida para terça-feira a visita do ministro da Economia, Paulo Guedes, no colegiado. "A vinda do ministro Paulo Guedes foi um consenso. A audiência está confirmada, até agora ninguém me ligou para desconvocar ou avisar que Guedes não poderia vir", disse.
Francischini disse ainda que a semana foi "politicamente muito pesada no Congresso", citando ainda a prisão do ex-presidente Michel Temer.