Santiago, Chile - Diante da nova crise instalada no Brasil, envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, o chefe do executivo comentou a decisão do chefe da casa legislativa de se afastar da articulação política pela reforma da Previdência. "Estou fora do Brasil. Eu quero saber qual o motivo pelo qual ele está saindo", disse a jornalistas, durante a viagem ao país vizinho. A decisão de Maia tem ligação direta com as declarações feitas por Carlos nas redes sociais. O deputado disse que não será possível ajudar a obter votos favoráveis ao governo "sendo atacado dessa forma".
No Chile para um encontro oficial com presidente sul-americanos, Bolsonaro disse que pretende conversar com Maia assim que retornar ao país. "Eu não dei motivo para ele sair", disse. Questionado sobre quais argumentos usaria para convencer Maia a permanecer na articulação da PEC da Previdência, o presidente disse está aberto ao diálogo. "Só conversando, não é? Você nunca teve uma namorada? Quando ela quis ir embora, você fez o quê, não conversou?;, exemplificou.
Confira manifestações contra bolsonaro no chile:
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Maia decidiu abandonar a reforma nessa quinta-feira (21/3). O deputado ligou para o ministro da Economia, Paulo Guedes, após ler mais um post polêmico do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), com fortes críticas a ele. Irritado, ele disse que, se é para ser atacado nas redes sociais por filhos e aliados de Bolsonaro, o governo não precisa de sua ajuda.
Carlos Bolsonaro, o filho "zero dois" do presidente, compartilhou na quinta-feira nas redes a resposta de Moro à decisão de Maia de não dar prioridade agora ao projeto que prevê medidas para combater o crime organizado e a corrupção.
O texto acompanhava nota de Moro, divulgada na noite de quarta-feira, rebatendo ataques de Maia à sua insistência em apressar a tramitação do pacote.
Carlos, também, havia publicado em seu Instagram que Rodrigo Maia andava "nervoso", em virtude da declaração de Maia de que o ministro da Justiça, Sergio Moro, "conhece pouco de política" e que não é mais que um "funcionário do presidente Bolsonaro".
Ao ler essas mensagens, Maia não se conteve, pois, dias antes, já havia sido chamado de "achacador". A interlocutores, o deputado disse que não era possível ajudar a obter votos favoráveis ao governo nem mesmo construir a base aliada de Bolsonaro na Câmara sendo atacado desse jeito.
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A ligação do presidente da Câmara para Guedes foi presenciada por líderes de partidos do Centrão. Ele está irritado com a ofensiva contra ele na internet, com a falta de articulação do Palácio do Planalto e com a tentativa do ministro da Justiça, Sergio Moro, de ganhar mais protagonismo na tramitação do pacote anticrime.
"Eu estou aqui para ajudar, mas o governo não quer ajuda", disse o presidente da Câmara, segundo deputados que estavam ao seu lado no momento do telefonema. "Eu sou a boa política, e não a velha política. Mas se acham que sou a velha, estou fora."
Guedes tentou acalmar Maia. O presidente da Câmara tem fama de "temperamental" e há até mesmo entre seus amigos quem o esteja aconselhando a recuar da decisão de deixar a articulação pela reforma, da qual é o fiador na Câmara. Na prática, muitos bombeiros entraram em ação para apagar o novo incêndio político.
Bolsonaro foi, mais uma vez, aconselhado a conter Calos para evitar uma crise em um momento no qual o governo precisa de votos para aprovar as mudanças nas regras da aposentadoria, consideradas fundamentais para o ajuste das contas públicas.
O outro filho
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) escreveu, também no Twitter, que Rodrigo Maia "é fundamental na articulação para aprovar a Nova Previdência e projetos de combate ao crime". Segundo o senador, que também é filho do presidente, Maia "está engajado em fazer o Brasil dar certo".
O tuíte de Flávio Bolsonaro, que não costuma publicar muito nesta rede social, sinaliza para uma tentativa de pacificação entre a família Bolsonaro e o presidente da Câmara. Mais cedo, em entrevista ao Grupo Estado, Maia disse que é papel do presidente e seus ministros conseguir maioria para aprovar a reforma previdenciária.
Com informações da Agência Estado