Jornal Correio Braziliense

Economia

Juros fecham com viés de baixa com câmbio comportado, leilão e exterior

Os juros futuros alternaram pequenas altas e baixas ao longo desta sexta-feira, 15, chegando ao fim da sessão regular praticamente de lado, com viés de queda em alguns dos principais contratos. Após se moverem para cima no começo dos negócios, em linha com o dólar e desconforto com a proposta para a aposentadoria dos militares, as taxas zeraram o avanço e passaram a oscilar em baixa na medida em que a moeda americana também inverteu o sinal e com o número fraco da produção industrial nos Estados Unidos. O leilão de aeroportos considerado bem-sucedido também contribuiu para o alívio de prêmios, pela atração de fluxo externo dada a presença de grupos estrangeiros no arremate de alguns blocos e pelas taxas de concessão consideradas "relativamente altas". O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou com taxa de 6,380%, de 6,390% na quinta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 encerrou a 6,97%, mesmo patamar do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2023 passou de 8,082% para 8,06%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 8,612% para 8,59%. Estes são níveis bem mais baixos do que os da sexta-feira anterior, numa semana marcada pelo aumento da discussão em torno da possibilidade de corte da Selic este ano, após a divulgação do IPCA de fevereiro e dos dados da produção industrial de janeiro. O começo da sessão foi de alguma pressão sobre as taxas, em meio ao avanço do dólar e desconforto com a informação publicada pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, de que a proposta para os militares inclui uma reestruturação na carreira da categoria, com aumento de benefícios, que representaria um custo extra em torno de R$ 10 bilhões nos primeiros dez anos. Mas esse incômodo foi absorvido ao longo do dia. "Pode ser que seja somente um ruído, mas não deixa de ser ruim. Achamos difícil o ministro Paulo Guedes concordar com isso, mas também sabemos da limitação que esse vaivém pode causar no calendário da tramitação", afirmou Patricia Pereira, gestora de renda fixa da Mongeral Investimentos. Ao longo do dia, na medida em que o dólar passava a cair, os juros acompanharam, em meio ainda ao indicador abaixo do esperado da indústria nos Estados Unidos - a produção subiu 0,1% em fevereiro ante previsão de 0,3% - e ao desenrolar do leilão de aeroportos. "Os dados fracos nos EUA reforçam uma postura de paciência do Federal Reserve no que tange a novas altas de juros este ano. Internamente, tivemos os leilões de aeroportos que foram bem-sucedidos, atraindo grandes empresas internacionais, o que ajudou o câmbio e a reduzir prêmios na curva", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. O leilão renderá para o governo um total de R$ 4,2 bilhões ao longo de 30 anos, que é o prazo de concessão.