Os principais contratos de juros fecharam a sessão regular desta quarta-feira, 13, com taxas não somente em queda firme como nas mínimas históricas, que até então haviam sido vistas no começo de fevereiro. O número ruim da produção industrial de janeiro reforçou o debate sobre o espaço para queda da Selic este ano, um dia depois do IPCA de janeiro mostrar uma abertura benigna nos núcleos e preços de serviços, apesar do 'headline' ter superado a estimativa dos analistas. Desse modo, voltou a aparecer na curva alguma precificação de queda da taxa básica no primeiro semestre. Além disso, o mercado conserva grau expressivo de otimismo sobre a tramitação da reforma da Previdência nesta quarta-feira em que será instalada a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, por onde o texto começará a tramitar. Por fim, profissionais da renda fixa lembram também que o dia foi positivo para as moedas de economias emergentes.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 6,355%, de 6,415% na terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 caiu de 7,021% para 6,91%. A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou na mínima de 7,98%, de 8,092% na terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 8,612% para 8,50%. Estes patamares de encerramento representam o piso da série histórica para as taxas.
A queda de 0,8% na Produção Industrial Mensal (PIM) de janeiro ante dezembro foi bem maior do que indicava a mediana negativa de 0,27% das estimativas dos analistas. A produção de bens de capital recuou 3,0% na margem e esse segmento opera 39,7% abaixo do pico registrado em setembro de 2013. O resultado, somado à leitura da abertura do IPCA na terça, deu combustível à discussão sobre o patamar da Selic.
"O IPCA de terça-feira foi feio no dado cheio, mas muito bom na abertura. E hoje(quarta) a produção industrial mostrou que a atividade está uma draga e que o patamar do juro neutro é muito mais baixo do que se imaginava", afirmou o gestor de renda fixa da Absolute Investimentos, Mauricio Patini.
Nesse contexto, a precificação de queda, ainda que tímida, da Selic reapareceu nos DIs nesta quarta-feira. Conforme cálculos do Haitong Banco de Investimento, a curva praticamente apagou a precificação de alta da taxa básica no fim do ano - apenas 3 pontos-base - e voltou a mostrar chance de queda no primeiro semestre. Nas próximas quatro reuniões, aponta 7 pontos de queda, mas depois recompõe 10 pontos nos dois últimos encontros do ano, explicou o economista Flávio Serrano. Para o encontro da próxima semana, a precificação é de estabilidade em 6,50%.
Quanto à Previdência, o mercado tem visto maior comprometimento do presidente Jair Bolsonaro em defender as propostas em discursos e redes sociais. Segundo blog da jornalista Julia Dualibi, no G1, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, mandará ainda nesta quarta para o Ministério da Economia a proposta de reforma previdenciária dos militares.