O ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, lembrou nesta quarta-feira, 13, que a grande maioria dos bancos centrais dos países emergentes se viram forçados a elevar os juros no último ano, enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic estável.
"Essa postura de cautela, serenidade e perseverança do BC preservou o arcabouço de metas para a inflação e evitou retirar o estímulo monetário necessário para a recuperação da economia brasileira", afirmou, em discurso na cerimônia de transmissão de cargo ao novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Ao transmitir o cargo para o seu sucessor, ele disse ainda que as políticas anunciadas pelo novo governo têm a direção correta. Ele agradeceu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e a Campos Neto pela "excelente transição".
"O governo está imbuído do propósito de levar à frente reformas estruturais importantes para colocar as nossas contas públicas em ordem e melhorar o ambiente de negócios em nosso País", avaliou. "A eficiência da política monetária do BC será tanto maior quanto mais bem-sucedidos forem esses esforços na implantação de reformas e na recuperação fiscal", completou.
O ex-presidente do BC avaliou que durante o seu período à frente do órgão houve maior comunicação com a sociedade, interlocução crescente com os três poderes, assim como ganhos de credibilidade para a autoridade monetária.
"Com a colaboração da diretoria, e o excelente corpo funcional desta instituição, cumprimos a missão institucional do Banco Central do Brasil, de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente", considerou.
Goldfajn destacou que a ação firme do BC nesse período, aliada a um redirecionamento geral da política econômica, levou a inflação de quase 11% no começo de 2016, para em torno de 4% este ano e no próximo. Com isso, a taxa Selic chegou ao seu piso histórico de 6,5% ao ano.
"E essa redução (da Selic) ocorreu de forma sustentável, evidenciado pelo fato de os juros de mercado para os próximos anos indicarem confiança que podemos ter um patamar mais baixo de juros de forma estrutural no futuro, dependendo da aprovação das reformas e ajustes", completou.
Goldfajn mais uma vez elencou todas as medidas tomadas durante a sua gestão na chamada Agenda BC+, sobretudo as ações voltadas para maior competitividade no mercado de crédito. Ele também defendeu o projeto de autonomia do BC, que, segundo ele, contribuirá para a redução do custo Brasil.
O ex-presidente do Banco Central ocupou a presidência do órgão de 9 de junho de 2016 a 27 de fevereiro de 2019. "Muitos me perguntam qual a diferença entre o trabalho no BC e os que tive no setor privado. A resposta é que a relevância e a escala do trabalho no BC é única, difícil de ser igualada no setor privado", completou.