Jornal Correio Braziliense

Economia

Juros do cartão de crédito e do cheque especial sobem em 2019

Em destaque, estão as cobranças do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial, que acumulam três meses seguidos de aumento.

Os juros das principais modalidades de crédito oferecidas pelos bancos subiram em janeiro. Dados do Banco Central (BC) mostram que, dos oito principais tipos de financiamento, seis tiveram alta nas taxas. Em destaque, estão as cobranças do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial, que acumulam três meses seguidos de aumento.

Segundo o BC, o processo é normal no primeiro mês do ano. Mesmo assim, o movimento causa estranheza. A alta ocorre mesmo com a taxa Selic no menor nível da história, em 6,5% ao ano. O rotativo do cartão de crédito custou em média 286,9% ao ano em janeiro, subindo 11,2 pontos percentuais nos últimos três meses. A taxa do cheque especial atingiu 315,6% ao ano, após avançar 15,2 pontos percentuais no mesmo período de comparação.

O encarecimento de empréstimos também ocorreu em outras modalidades, como crédito consignado, crédito pessoal, aquisição de veículos e o parcelado do cartão, na comparação com dezembro. Segundo o BC, os juros médios cobrados dos consumidores com recursos livres ; aqueles negociados no mercado ; passaram de 48,9% ao ano, em dezembro de 2018, para 51,4% em janeiro.

O chefe do Departamento de Estatística do BC, Fernando Rocha, disse que a alta dos juros é resultado de efeitos sazonais, ou seja, temporários. ;Em dezembro, temos redução nas concessões de crédito com taxas de juros mais caras, como o cheque especial, e um aumento nas mais baratas, como o cartão à vista. Em janeiro, esse movimento se reverte e a taxa de juros agregada do sistema fica maior.;

Os dados apontam que o spread bancário, que é a diferença entre a taxa pela qual as instituições financeiras captam dinheiro e os juros que cobram nos empréstimos, aumentou pelo oitavo mês consecutivo nas linhas para pessoas físicas. Em janeiro, chegou a 43,5 pontos percentuais.

A economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Marcela Kawauti, disse que os dados de janeiro sugerem que houve acomodação das taxas de juros. ;Não dá para estabelecer uma tendência de alta, até porque nada justifica um aumento de uma hora para outra;, destacou. Ela ressaltou, ainda, que o mercado de crédito está demorando para engatar, o que prejudica a recuperação da economia. ;O percentual de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 46,8% em janeiro. Esse número não tem mostrado muita melhora, já que está no mesmo nível do mesmo mês de 2018;, avaliou.